sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Jorge Amado e seu vínculo com a Cidade de São Paulo

Oh! Bendito o que semeia  Livros… livros à mão cheia… E manda o povo pensar! (Castro Alves, “O Livro e a América”)

Jorge Amado se enamorou em São Paulo, literalmente pela escritora paulistana Zélia Gattai, nascida na Alameda Santos, paralela da Avenida Paulista, no Bairro do Paraiso, em São Paulo. Ela mesma traduz esse vinculo ao dizer:

“Nasci em São Paulo, há muitos e muitos anos, tantos que nem é bom pensar. Meus pais eram italianos, vindos ao Brasil no começo do século, gente simples, de vida modesta. Menina sem brinquedos nem luxos, fui, no entanto, uma criança feliz. Naquela época não havia rádio nem televisão, e meu maior divertimento era ouvir histórias contatadas por meus pais e minhas irmãs mais velhas”...

A Secretaria do Estado dos Negócios da Segurança Pública, Divisão da Ordem Social, através do controle pela Polícia Civil de São Paulo fazia saber sobre o “currículo político” de Jorge Leal Amado de Faria, no prontuário 5777, e suas atividades a partir da cidade de São Paulo:

Jorge Amado, filho de João Amado e de Eulália Leal Amado, brasileiro, nascido em 10 de agosto de 1912[1], advogado e escritor, com escritório eleitoral a Avenida Celso Garcia, nº3. 344, Capital.



Foi preso em 1936, por se achar envolvido na intentona comunista de 1935, foi posto em liberdade em 30 de março de 1936. Refugiou-se no Uruguai, onde continuou a desenvolver intensa campanha comunista. Respondeu processo no Amazonas por atividade política ilícita. Foi preso em São Paulo, em 26 de maio de 1945, quando das diligências realizadas na sede do Momento Unitário Democrático, como dirigente Estadual do mesmo Estado. Candidatou-se a deputado sendo eleito pela legenda do partido comunista brasileiro.
Jorge Amado, tinha um rol de amizade que fazia parte de sua vida intensa, dentre os quais estavam uma legião de estrangeiros como o pintor mexicano Diego Rivera, o poeta chileno Pablo Neruda, o peruano Mario Vargas Llosa, o escritor colombiano Gabriel Garcia Marques, o português José Saramago, o francês Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Do lado brasileiro participava das festas de Yemanjá no Rio Vermelho de Salvador, amigo do mestre Pastinha, da capoeira Angola do Largo do Pelourinho; Mãe Menininha no terreiro de Gantois, Mãe Runhó em terreiro de Bogum. Além dos renomados brasileiros como o arquiteto Oscar Niemeyer e o cineasta Glauber de Andrade Rocha, entre tantos outros. Muitos cultos, muitos mestres, Jorge Amado, amado mesmo pelos seus amigos e até por adversários.
Tornou-se grande oficial de todas as ordens, várias comendas  que estão expostas na Fundação Casa de Jorge Amado, no Largo do  Pelourinho, onde logo na entrada tem-se a imagem protetora de Exu, de quem Jorge Amado diz:

“Postado nas encruzilhadas de todos os caminhos, escondido na meia-luz da aurora ou no crepúsculo, na barra da manhã, no cair da tarde, no escuro da noite, Exu guarda sua cidade bem armada”...
Pertencendo a União Brasileira de Escritores, promoveu juntamente com o presidente Peregrino Jr., o Festival do Escritor em Copacabana, em 25 de julho 1960, tornando-se por decreto o "Dia do Escritor". Foi eleito em 6 de abril de 1961, para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, sendo o autor brasileiro com maior publicação em várias línguas sendo responsável por “transformar” o mundo através dos livros!!!


A Exposição no Museu da Língua Portuguesa, Estação da Luz, em São Paulo, demonstrou parte desse seu intenso “viver” na mostra “Jorge Amado e Universal” em homenagem aos 100 anos de seu nascimento.







[1] Fazenda Auricídia, de cacau, em Pirangi, Itabuna, Bahia.

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