quarta-feira, 28 de abril de 2010

EDUCAÇÃO PRODUTIVA E OS APERTADORES DE BOTÃO

O Sistema Educacional e a Máquina do Estado *

Todos os governos do Brasil sempre optaram por ficar atrás da história mundial, com o imediatismo de suas políticas, “sem nunca” haver preocupação em formar “uma política de Estado” com objetivos definidos de metas futuras. A preocupação política maior foi sempre determinar a hierarquia, assumindo sua participação na disputa de mando, ou acobertando um ao outro de mesma ideologia ou ainda apagando incêndios quando fazem a devassa da oposição. Existe a preocupação em combater as administrações do passado que criaram subsídios para manter a máquina estatal da corrupção política. Atualmente temos várias facções de poder que prometem administrar com lisura em discursos vazios sem um mínimo de sustentação da verdade necessária. Desde muito o Estado administrou seus interesses na condição de subjugar homens livres de pensamento, censurando a liberdade, tanto os direita quanto esquerda ou centro, embora haja nos três semelhanças em muitos paralelos de controle.

No sistema educacional, que pelo fato de “ser um sistema” já possui evidencias de controle da máquina do Estado em seus interesses imediatos, sujeita o indivíduo aos interesses do Estado totalitário com controle das liberdades, sem jamais preparar com formação, mas omitindo esta, e substituindo-a pela informática, robotizando a população para controle da mesma. Vigiar e domesticar o povo são as primeiras metas para que não haja contestação das administrações incompetentes. A educação livre deveria dar condições plenas para desenvolvimento social na busca em construir liberdades autônomas de uso comum para o lugar das ações citadinas. O desenvolvimento de um povo está relacionado ao meio geográfico que lhe fornece o recurso de sustentação, sendo para isso necessário respeito às liberdades sem conflitos possessivos, embora o capital exija a competição entre indivíduos para alcançar seu objetivo maior que é a fonte de lucro, não refletida pela igualdade participativa.

A educação libertária deveria ser aplicada neste espaço físico com adaptações no conjunto, refletindo beneficio comum cada qual com sua tarefa social não acarretando ônus pela falta da participação coletiva. No Brasil as decisões sempre vieram das hierarquias sem haver vínculo do indivíduo e da coletividade com o expansionismo burguês que cria o meio para seus próprios interesses. “Sempre, neste país, vive-se do Carpe Diem”[1], o imediatismo dos interesses, adquirindo todo o "saber" de seu desenvolvimento em outro país que aplica na educação seu desenvolvimento, para capacitar livres descobertas. Muitas vezes adquirimos equipamentos “tropicalizando-os” para uso de nossas atividades, usados inadequadamente, ou por falta de pessoal capacitado ou pela inabilidades até em fazer manutenção preventiva. O que o país paga por uma tecnologia saem das reservas do extrativismo usando equipamentos estrangeiros, por vezes obsoletas, de grandes multinacionais de cada setor de interesse próprio, onde o Brasil, através de suas representações legais, subsidiam toda esta tecnologia, recebendo em troca, dividendos em royalties do país estrangeiro.

O Brasil com política educacional retrógrada adquiriu o hábito de investir na formação técnica de sua mão-de-obra exclusivamente para manter este investimento em equipamentos que não condizem com a realidade de seu povo, formando “apertadores de botão on e off”.
Evidentemente que há parcerias de interesse entre o empresariado que produz usando a tecnologia estrangeira e o Estado, que fornece os subsídios de manter a empresa multinacional em solo brasileiro, investindo nas escolas técnicas para formação de acionadores de equipamentos conforme a necessidade imediatista. Em toda essa teia complexa entre a extração de matéria prima captada por investimento econômico, somada à aquisição de máquinas e consumo, reverte ao Estado impostos de contratos lucrativos dos investidores externos, que não são aplicados ao bem estar ao corpo social para preparação de um povo capaz de assumir sua própria administração; ao invés disso, as riquezas do país, de petróleo, minério, produção agrícola, e tantos outros recursos primários, não são aplicadas para subsidiar cultura educacional, ou revertida em infra-estrutura para abastecer suas necessidades, saúde, habitação, geradores de trabalho e renda.

O Estado aplica o conceito paternalista de distribuir dinheiro, anunciando recursos fartos em programa televiso, buscando popularidade nas classes que ele sustenta, sem apoio educacional. Enfim, rouba a dignidade humana ampliando guetos sociais e o inchamento das cidades, criando a perniciosa condição do vicio e ociosidade.
O Estado USA copiar toda uma gama de influências externas sobre a miscigenação dos componentes étnicos da constituição de seu povo, ainda incandescente no cadinho indefinido de sua identidade, separando-as para melhor controlar, em cotas indefinidas das necessidades populares.

O Brasil, no fim da primeira década do século 21, é o primeiro lugar em futebol, carnaval e em doenças contagiosas erradicadas desde muito, em vários países, mas no ranking educacional, elaborado pelas instituições internacionais que abrangem 128 nações, vem ocupando o não honroso 88ª lugar em qualidade e eficiência de ensino. Isso explica a qualidade baixa da mão de obra que recebe uma “educação básica fundamental” para manter a máquina expansionista de espaço vital da economia, em formação única de habilidades motoras, sem desenvolvimento do intelecto ou emocional.

Sem estimulo de permanecer no ambiente escolar há um êxodo juvenil para jogos eletrônicos viciosos, importados “made in China”, alimentando as lotadas “lan houses”, numa condição inversa de escolas vazias, embora haja intelectuais da área educacional que aplicam alternativas para usar estes conceitos para estimular a aptidão estudantil podendo ser aplicado para o jovem ganhar confiança, segurança, refletindo no seu crescimento, para reverter em capacitação humana. A educação precisa emancipar o individuo, sem obrigatoriamente conduzir a proliferação de profissionais somente técnicos. A falta de investimento no setor é gritante, e muitos formados em pedagogia abandonam o ensino e investem suas habilidades no setor privado. O único vinculo que ainda existe do aluno para com a escola, exigência compensatória, é o fornecimento da merenda escolar e uma lata de leite distribuída mensalmente, que deveria ser um critério de sustentação familiar de trabalho e renda para manter suas próprias necessidades alimentares. A criança vai à escola, infelizmente, para comer, quando, deveria ser suprida pela renda proveniente do trabalho da família.

Nosso ensino é retrógrado, com jovens enfileirados em ordem unida em uma sala de aula apática sem interesse pelas decorações exigidas do saber de meio século atrás (o estímulo sensorial, não apenas o visual é o requerimento central do desenvolvimento cerebral e intelectual). Não há formação através do construtivismo de Paulo Freire e outros pensadores que usavam ferramentas próprias do cotidiano familiar do cotidiano da criança ou jovem para desenvolvimento das potencialidades de um saber construtivista, de pensamento livre.
O reflexo na baixa qualidade tecnológica do país, que investe altos recursos em equipamentos tecnológicos adquiridos pelo dinheiro do extrativismo e royalties de multinacionais implantadas em campos industriais subsidiados e não da produção independente, quando muito produz cópia rudimentar de feiras mundiais tecnológicas, abrasileirando equipamentos, como surrupiadores, nicho de larápios que roubam uma obra de arte. A tecnologia brasileira é “chupada”, nítido furto do saber alheio.

O Brasil é regido por utopias de seus gerentes, fomentado por ilusões monetárias passageiras que não dará jamais a liberdade necessária ao seu povo, que vive em uma escravidão consentida, sendo o Estado seu algoz, e o Estado, ao mesmo tempo que é algoz do povo, é servo do capital.
A existência do país resume-se na alegria de ser “grande produtor de crianças” que, ao nascer, lhes é ofertado o consumismo através do capital de muitos presentes, felicidade de boas vindas, como consumidor, que, em vida, será despreparado educacionalmente, mas será ávido pela posse e que ao morrer terá carpideiras contratadas que devem chorar a morte de um consumidor de produtos globalizados, estampados na mídia da obrigatoriedade do consumo, sendo a televisão referência simbólica do povo, onde são vendidas centenas de produtos explícitos, outros sutilmente, apresentados como solução das necessidades, meras mentiras e ilusões, adquiridos pelo impulso da compra que é anunciada em determinado programa, aliado ao perfil de quem assiste, sugados pelo consumismo.

O Brasil não produz nada, só crianças!
* "Parto de um problema em termos em que se colocar na atualidade e trato de realizar sua genealogia. Genealogia quer dizer que analiso o problema a partir de uma questão do presente”.
Michel Foucault

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