O “QUINTO DOS INFERNOS”
Tem-se diante da historia certas lacunas que às vezes não são preenchidas devido à falta de cuidados com documentos que forneceriam subsídios para a compreensão de determinado período, mesmo uma fração, um pequeno recorte do que representou um dia as estruturas da formação do povo brasileiro, e ainda se busca constantemente uma identidade que seja representada por todos, índios, portugueses, africanos.
Que não seja a identidade do Brasil a do quadriênio das copas do mundo, onde a população sai às ruas para comemorações entusiásticas em verde e amarelo, por vezes o azul de menos constância, e todas as etnias abraçam-se festivamente congratulando-se com orgulho de pertencer como legitimo torcedor da seleção Brasil, esquecendo-se das agruras passadas e as recentes da falta de oportunidade e da discriminação por parte do poder do Estado.
Nossa história possui nodoas que marcaram pela força excessiva exercida pelos antigos coronéis de engenho que nada tinha a ver com estruturar a pátria na liberdade, fraternidade e igualdade das idéias revolucionárias que tentavam por um fim as hegemonias imperiais, e o Brasil ficou no julgo destes terratenentes, e permanece a ter influências macabras e maléficas deste quadro imposto pelo poder, onde há sempre uma evolução tardia dos movimentos libertários, onde estes coronéis soltam as rédeas em conta gotas para não perder o controle sobre a massa populacional, sempre dividindo o povo para melhor dominá-lo.
O Brasil era o “quinto dos infernos”, anterior a derrama do rei, era os infernos que somente os degredados, piratas, desocupados, mimetizes e outras levas sujeitadas e aventureiras se promoviam em aceitar a incumbência de a ferro e fogo povoar estas terras, o paraíso perdido, da terra sem mal, dos nativos aqui existentes, verdadeiros descobridores que chegaram antes das caravelas, mas que não aceitaram o julgo da escravidão e foram exterminados em toda America Latina.
Do lado oposto da costa do Brasil, dividida pelo Atlântico, estava a África, também pouco explorada ao sul com grupos heterogêneo formados por nativos que pelo intercâmbio anterior com os portugueses foram escravizados anteriormente para uso como mão de obra nas plantações de cana de açúcar na ilha de São Tome e Príncipe, no Golfo da Guiné, que após a decadência açucareira tornaram-se entrepostos de escravos para o Caribe e para o Brasil.
A exploração intensiva da cana de açúcar desde o século 15 gerou exigências maiores de mão de obra, sendo responsável pela maior fenômeno migratório em escala mundial que teve por palco o Atlântico: a escravatura de milhões de africanos iniciada em 1559 por Alvará de 29 de Março de 1559, de Dona Catarina de Áustria, regente de Portugal, autorizando a cada senhor de engenho do Brasil, com certidão reconhecida pelo Governador Geral, a importar até 120 escravos. Assim iniciava-se a maior Diáspora entre o continente africano e as recentes e desconhecidas Américas, onde o Brasil, ao sul do continente, seria comandado por terratenentes apoiados pelos hegemônicos impérios europeus, entre os mais atuantes, Portugal, Espanha, Inglaterra, Holanda e França com exclusividade dos mares, manchando o solo verde das matas, amarelo do ouro e azul do céu com a cor rubra do sangue da escravidão, que maculou o solo da terra e seus filhos no julgo eterno do poder das ditaduras eternas e escravizantes do povo brasileiro.
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