terça-feira, 20 de outubro de 2009

"CIDADE, O GRANDE MONUMENTO BURGUÊS" - (05): FUTEBOL DE VÁRZEA e o INFORTÚNIO da POLÍTICA PARTIDÁRIA NESTES LOCAIS

APODERAMENTO DA PERIFERIA

Um universo apresenta-se todos os fins de semana na periferia da cidade de São Paulo nas áreas físicas dos campos de futebol varzeano, que de certo modo representa o único local para a prática esportiva na periferia são de grande interesse imobiliário e isto é patente hoje na região sul(retrato também em outras regiões) da periferia que engloba os distritos São Luiz, Jardim Ângela, Campo Limpo e circunvizinhos que são na atualidade os mais atingidos por esta especulação imobiliária. Os espaços físicos que antes eram realizados as pelejas do futebol de várzea estão restritos as áreas que estão sobre o controle da Secretaria Municipal de Esportes, SEME, e que eram denominados Centros Desportivos Municipais, CDM, e que deveriam, desde 1975, serem mantidos pela Prefeitura da Cidade de São Paulo. A partir de 2006 estes espaços receberam nova denominação de Centro Desportivo Comunitário, CDC, vinculado as subprefeituras locais detendo parcela de pequeno investimento nestas únicas áreas lúdicas da cidade de São Paulo.

A única condição de entretenimento na periferia paulistana é o futebol de várzea, embora existam investimentos privados que levam para a periferia outro modelo de outras modalidades esportivas, mas são incipientes.

A várzea congrega uma série de times da região que lutam para ter horário disponível para uso destas áreas que foram diminuindo com a expansão da cidade de São Paulo, pois houve um adensamento populacional nestas regiões com a vinda de indústrias às margens do Rio Pinheiros onde afluiu um contingente muito grande de operários para a região. Estas indústrias formaram todo o processo embrionário da constituição destes times, com formação interna ou representando um bairro paulistano, onde muitas vezes pequenos comerciantes assumiram o patrocínio de times que levavam o nome destes financiadores. Outras vezes ligavam-se a política e mantidos por estes interesses.
Há outra citação a qual gostaríamos de reportar algumas considerações: quanto à violência nos campos de futebol de várzea: a violência e inerente ao modelo ao qual e implantou de exclusão pura e simples da periferia, até como exposto anteriormente, reflete por falta outras opções lúdicas, mas o futebol não é a causa primordial da violência, e os entreveros costumeiros estão ligados a competição que no afã de vencer proporciona uma discussão proveniente da partida e não algo generalizado conflitante entre as partes para proporcionar a violência esportiva. A maior violência é o “apoderamento político” inescrupuloso dos territórios lúdicos, onde estão presentes determinadas estruturas de partidos manipuladores de valores que não fazem parte do universo comunitário, vendem dificuldades junto aos órgãos públicos, os quais são redutos manipulados por um loteamento entre as partes dos gabinetes, emperram todo o processo e somente assumem compromissos em épocas distintas, como nas eleições, ou mandando um representante em épocas natalícias de algum líder comunitário que lhe angariam benefícios num determinado território.
Fora esse infortúnio político, a várzea serve com ponto de encontro entre a comunidade que se relaciona há muito tempo, e evidencia encontros que proporcionam descontração misturada por laços familiares, e muitas vezes irmãos e primos estão em lados opostos se confrontando nas disputas, mas que após as mesmas, será motivo de uma descontração entre as partes.
Existe também um futebol noturno em quadras de futebol society ou futebol de salão que são feitos reunindo uma parcela destes abnegados pelo esporte amador e para manter a forma, pois o preparo físico deve ser mantido para seguir o ritmo domingueiro das disputas e estar entre os melhores do primeiro quadro, embora não seja desmerecimento nenhum fazer parte de outras denominações que enquadram os esportistas veteranos e quem sem dúvida já fez muito pelo esporte amador de sua região.
As últimas novidades da indústria do lazer, não comporta o alto custo de grifes de material esportivo e todo o material é composto do uniforme das cores desta ou daquela vila, é custeado pelos integrantes da agremiação que leva um nome a ser honrado e de “pertencimento”, “ser dali”, “estar ali”, fazer parte com toda a camaradagem de ser um igual, ter um “nome” ligado a um local determinado. As dificuldades em manter-se esta pequena estrutura restringem a aquisição destes uniformes tradicionais onde pais, filhos, netos, e tantas gerações se encontram nas manhãs e tardes dominicais, embora não se exclua os sábados, mas numa intensidade menor.
Os recursos para manter viva esta chama pelo esporte são provenientes de mensalidades quase que simbólicas para pagar a lavadeira, que sempre é integrante da própria comunidade, muitas vezes mãe ou esposa de um dos integrantes da agremiação. É prazeroso ser o festeiro, e assim que se chama aquele que promove um campeonato ou um festival que consome muitas vezes o sábado e o domingo todo. Por vezes se promove uma feijoada ou macarronada para angariar fundo que irá cobrir despesas de alguma aquisição urgente da agremiação do coração. Este trabalho reforça um orçamento baixo da agremiação, onde muitos componentes vivem do trabalho informal, sem trabalho fixo, sem garantias trabalhistas, mas que são especialistas que se orgulham de organizar o futebol de várzea e seu rito bem orquestrado mantido por laboriosos e laboriosas do esporte que fazem isto porque gostam desta confraternização dos finais de semana.

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