quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"CIDADE, O GRANDE MONUMENTO BURGUÊS"-(04)

Gentrificação[1] Urbana na Cidade de São Paulo

A mudança das características de uma localidade estritamente residencial operária para uma área estimulada pela transformação destes bairros valorizando-se pela expansão urbanística intitula-se “gentrificação”.
O resultado é valorização econômica de imóveis novos que terão valores elevados associados ao maior poder aquisitivo dos “neoproprietários” resultando também maiores impostos agregados a estas propriedades. Localidades dentro de um círculo de interesse imobiliário serão incorporadas após o deslocamento de antigas propriedades para outras áreas menos valorizadas. Pelo novo ordenamento local, faz com que estas áreas valorizem-se por edificações de alto padrão, resultando uma transformação do bairro anteriormente fabril assumindo o modelo de serviços.
Na “gentrificação” há incentivos por parte dos governos municipais interessados nos subsídios resultantes desta transformação, direcionando uma infra-estrutura maior, valorizando o local com saneamento básico, parques e edifícios culturais, além de estimulam garantias de segurança para reduzir taxas de criminalidade local, valorizando os imóveis em áreas anteriormente desprovidas destes recursos.
Com o novo modelo aplicado resultará uma dispersão das comunidades locais, um êxodo dos antigos moradores, incentivados a vender suas antigas propriedades, onde o solo é o maior interesse desta expansão, nunca a moradia, deslocando-os para bairros distantes, findando um ciclo de relações sociais locais anteriores. Esse processo começa timidamente em determinada localidade em uma região, até incorporá-la inteiramente, transformando gradativamente o local anterior de periferia da cidade alterando toda característica original, transformada em novo modelo instituído pelos interesses econômicos.
A reorganização urbana compreende uma interferência na concepção do espaço, com edifícios públicos e privados com uma arquitetura racionalista, concebida por estruturas de ferro, alumínio, vidraças temperadas, além do uso excessivo de concreto armado, agilizado pelos pré-moldados, dando à construção nova concepção em estruturas, cada vez mais altas na verticalização, que substituem as antigas construções horizontais simples ou sobrados de dois andares, ou pequenos prédios que não excediam a seis andares respeitando o zoneamento local, alterado para a nova disposição local.

A demonstração do poder na cidade é demonstrada pela recuperação e revitalização deste novo lugar de controle com outra concepção imobiliária. São Paulo possui uma dinâmica exigente de interesses puramente econômicos sem respeito à história local, e com vergonha de seu passado colonial, ousa destruí-lo!


[1] A palavra gentrificação, deriva de uma antiga referência francesa proveniente de “genterise”, variante de outro termo “gentilise”, que significa “nobreza pequena” ou “nobre de nascimento”. Termo cunhado por Ruth Glass em 1964.

As fotos representam a "gentrificação" que vem ocorendo no extremo sul de São Paulo, região de Santo Amaro.

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