Sou do tempo em que não se falava,
que o rio secava,
e a floresta com fogo não se matava...
Sou do tempo que tudo se respeitava,
e a vida devagar andava...
e tinha sabor a fruta que no pé madurava,
...e com chuva, Deus regava,
e no tempo certo, tudo se formava,
floria a flor e o pássaro cantava!
Tinha até o tempo que se plantava,
sem o medo de quem do lado estava,
...se pedia por favor e nada se roubava,
senão o reio no couro dançava!
E alegre o menino bola jogava,
mesmo que a vizinha as vezes ralhava!
Nada fora do lugar ficava,
e a menina a mãe ajudava,
e na venda se buscava,
aquilo em casa faltava,
e seu Mané na caderneta marcava.
Mas logo chegava
o tempo que tudo mudava,
e de até ficar grande, o que se esperava,
e foi assim, ilusão que enganava,
e tudo bem rápido se passava!
Então veio saudade, que a todos visitava...
atrás do tempo que nunca se alcançava,
quando nem em corrida se apressava,
hoje nem tempo há, daquilo que se amava...
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