quinta-feira, 31 de agosto de 2023

O “Padre-Bispo Joel Ivo Catapan”, da Paróquia São Luiz Gonzaga, Bairro Jardim São Luiz, São Paulo

Quem sabia que o Jardim São Luiz foi o início sacerdotal de um padre que mais tarde tornar-se-ia o bispo auxiliar de São Paulo, Dom Joel Ivo Catapan?

Joel Ivo Catapan nasceu no Estado do Paraná em 17 de junho de 1927 na cidade de Teixeira Soares.

O município de Teixeira Soares foi se formando em volta da estação ferroviária inaugurada a 1º de janeiro de 1900, e foi-se desenvolvendo como um arraial, que se tornou município, vivendo de serrarias, erva-mate, pecuária e a agricultura. A igreja foi construída com fundos oferecidos pelo próprio Teixeira Soares, engenheiro diretor e acionista da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. O município recebeu o nome de Teixeira Soares, em homenagem ao engenheiro mineiro Dr. João Teixeira Soares. Foi criado através da Lei Estadual nº 1696, de 26 de março de 1917, e instalado em 14 de julho do mesmo ano, desmembrado de Palmeira.

Foi ordenado sacerdote  em 19 de março de 1953, pertencendo aos Missionários do Verbo Divino (Societas Verbi Divini, S.V.D.), Congregação do Verbo Divino, conhecida também por Verbitas, congregação religiosa católica.

Foi incumbido de formar a Paróquia de São Luiz Gonzaga, no Jardim São Luiz, São Paulo, para onde veio em 1960, ano em que a capela foi elevada a paróquia, até a chegada do novo padre Edmundo da Mata!


Inauguração da Panificadora São Luiz, (hoje não existe mais) na Rua Geraldo Fraga de Oliveira, (antiga Rua 1) quando o proprietário Tertuliano Dias de Oliveira havia adquirido maquinário de ponta para fabricação de pães e outros derivados, na década de 1960, nas bençãos do padre Joel 

No dia 11 de dezembro de 1974, o papa Paulo VI nomeou-o padre Joel Ivo, bispo auxiliar de São Paulo, e titular da Macriana Minor, sede da igreja católica na Tunísia, titular desta de 12 de dezembro de 1974 a 1º maio de 1999. 

(*Macriana Menor é o nome de uma diocese da igreja primitiva relacionado ao catolicismo na Tunísia, sendo sede suprimida da sede da Igreja Católica titular)

Recebeu a ordenação episcopal no dia 25 de janeiro de 1975, em São Paulo, das mãos de dom Paulo Evaristo Arns, OFM, dom Benedito de Ulhôa Vieira e dom José Thurler.

Dom Joel Catapan, SVD, foi empossado em 04 de março de 1975 escolhendo como lema para sua pastoral “Que tenham vida” (Ut vitam habeant).

Em sua formação constava o doutorado em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, fez especialização em Cristologia, ciência que estuda a missão de Jesus Cristo como filho de Deus e salvador do mundo.

Foi coordenador da Pastoral da Juventude e da Comissão de Pastoral do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e membro da comissão episcopal do Regional responsável pelo exame e aprovação de textos litúrgicos.

Ao ser nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Joel assumiu a Região Episcopal de Santana, na Zona Norte de São Paulo.

Tomou-se coordenador da Pastoral da Juventude e da Comissão de Pastoral Vocacional do Regional Sul 1 da CNBB; foi membro da Comissão Episcopal para exame e aprovação de textos litúrgicos. Esteve à frente do Instituto de Pastoral Vocacional, (IPV) organizado em São Paulo no ano de 1989, de onde foi apelidado de “O Bispo das Vocações”, sendo o IPV oficializado em 1993.

Teve seu passamento terreno em 1º de maio de 1999, acontecido em São Paulo e sepultado em Ponta Grossa, no Paraná.



(Uma imagem vale mais que mil palavras, por esse motivo foi idealizado o projeto-identidade denominado "A Fotografia como Concepção Histórica")


terça-feira, 15 de agosto de 2023

O Engenho de Ferro no Distrito Jardim São Luiz, o dia de Nossa Senhora da Assunção, a Penhinha e o Jardim Ibirapuera/SP

As expedições a procura de riquezas em solo americano, estavam a disputar as duas potências Ibéricas, Portugal com Leão e Castela (Espanha)

D. Francisco de Souza (então governador geral do Brasil) estava em São Paulo pela segunda vez. Da primeira, em 1598, se transferira da Bahia para cá, "a visitar - escreve Pedro Taques - as minas de ouro e ferro, descobertas por Afonso Sardinha". Referindo-se "Capitania de São Paulo" ou "Piratininga", onde, em Ibira Suiaba acabava D. Francisco de descobrir também o ouro, escreve em 1610 em sua Relação da Província do Brasil o Padre Jácome Monteiro: "Há mais nesta terra, grandes minas de ferro e montaram muito, por haver grande saca dele para o Paraguai e mais partes do Peru".
(Genealogia Paulistana, 9 vols., São Paulo, 1903-1905, I, 31; Jácome Monteiro, apud S. Leite, HCJB, VIII, 395.)
Antes do Rei de Portugal oficializar a Primeira Usina de fabricação de ferro, já se estabilizara a prospecção de solo a procura do minério de ferro para fabricação de utensílios básicos em solo de Ibirapuera, em São Paulo
A Primeira Usina de Ferro das Américas, datada de 1606/7, situado no Morro da Barra em Santo Amaro/SP
O local de “Borapoeira”, ou Ibirapuera referenciado em 1605, anterior à fábrica de ferro datada de 1607 nos assentos de Martin Rodrigues Tenório:
“O engenho de Ferro começou a fundir quinta-feira a 16 de agosto de 1607 ao qual possuíram por nome Nossa Senhora de Agosto que é a Assunção Bendita e seu dia 15 do dito mês”.
“O local do engenho de Ibirapuera, Santo Amaro, foi sempre mencionado pelos historiadores de maneira pouco precisa, com exceção de Eschwege, que o visitou em 1820 e descreveu suas ruínas na sua celebre obra “Pluto Brasiliensis”, com segue:
“Indubitavelmente, foi na província de São Paulo, nas vizinhanças da cidade de S. Paulo, que se descobriu pela primeira vez no Brasil o minério de ferro.
Este minério argiloso apresentava-se em buxos, numa rocha quartzosa. Como consequência desta descoberta, foi construída, há mais de 200 anos, uma pequena fábrica de ferro com forno de refino, a uma distância de 2 léguas de S. Paulo, rumo sul do oeste, na freguesia de Santo Amaro, à beira de um pequeno afluente navegável do Rio Pinheiros.
Das ruínas desta pequena fábrica ainda se pode ver a vala da roda, o lugar da oficina, os restos de um açude e um monte de pesada escória de ferro.
Como o minério de ferro, que somente contém 35 a 40% de ferro, não se prestasse a fabricação de um produto aproveitável, nos pequenos fornos de refino, a fábrica pouca duração teve. Tanto mais que o minério mais rico do Morro de Araçoiaba, na vizinhança de Sorocaba, pouco depois descoberto, oferecia maiores vantagens.
A situação, desta pequena fábrica era conveniente porque, as margens do rio vizinho, estavam cobertas de espessas matas, podendo ser o carvão transportado por via fluvial até a fábrica e, por esta mesma via, os produtos escoados até a Serra de Cubatão, e para o interior até o rio Tietê”.
Com base nesta excelente documentação histórica e na informação verbal do Prof. Luiz Sala, do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o autor em janeiro de 1967, realizou uma investigação detalhada desse histórico engenho siderúrgico, junto ao Salto do Ribeirão Penhinha, pouco acima de sua confluência no rio Pinheiros. Além do encontro de grande quantidade de escória e de resíduos de ferro no local, de grande valor histórico, também, nessa ocasião, o Engenheiro Teodoro Knecht, que prosseguiu as pesquisas, revelou a existência de uma galeria contemporânea e subordinada ao empreendimento, com mais de 50 metros de extensão, aberta com a esperança de se encontrar, em profundidade, minério de ferro mais rico que o extraído à superfície, que é limonita altamente silicosa ou canga de ferro da formação geológica terciária de São Paulo.
A redescoberta das ruínas do engenho siderúrgico de Ibirapuera (Santo Amaro) foi amplamente descrita e documentada nas edições do Diário de São Paulo de 5 e 6 de janeiro de 1967, em reportagem do Eng. Manoel Rodrigues Ferreira, estudioso e versado na história da metalurgia de ferro de São Paulo, amplamente tratada no livro de sua autoria – A Causa do Subdesenvolvimento do Brasil - , editado em 1963, que constitui excelente trabalho sobre o presente assunto”. Em 1970 houve por parte do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo procurar vestígios da Usina de Ferro do Ibirapuera, por iniciativa do Professor e diretor do Arquivo, Eduardo Nascimento, (na foto, de paletó) que foi acompanhado de Manolo de Almeida Dias, da empresa Curtume Dias.
Hoje há duas referências nominais aqui expostas que são bairros dentro do Jardim São Luiz: os bairros Penhinha e Jardim Ibirapuera!

Vide complemento em:

A FÁBRICA DE FERRONO MORRO DA BARRA DE SANTO AMARO – SÉCULO XVII – UMA INDAGAÇÃO

Ref.

FELICÍSSIMO Jr., Jesuíno. História as Siderurgia de São Paulo, Seus Personagens, Seus Feitos. São Paulo, 1969. Edição Especial. Publicação com Recursos do Fundo de Pesquisas do Instituto Geográfico e Geológico. Oficinas de Rothschild-Loureiro Ltda.

HOLLANDA, Sergio Buarque de. História Geral da Civilização Brasileira, Vol.6 - II. O Brasil Monárquico

Salazar, José Monteiro - Araçoiaba & Ipanema - ED. 1997 - págs.31