sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Fragmento de um Bairro Cheio de História Paulistana: Ipiranga

São Paulo, possui ainda algumas nuances do passado, presente em obras escondidas por entre novo conceito de urbanismo contemporâneo.

No Ipiranga, nos deparamos com uma dessas joias raras que nos espanta, em ter sido conservada antes da chegada da “máquina do progresso”. Sempre que nos deparamos com essas “obras de arte” encrustada por entre prédios atuais, perguntamos no nosso íntimo, quem era o morador da residência que admiramos em determinado tempo.
Na maioria das vezes não encontramos a história desse legado de família que participou do desenvolvimento da cidade, ficando a frustração do desconhecimento histórico daquele imóvel que por algum instante foi vibrante em todo contexto local. A casa a que nos referimos, situada na Avenida Nazaré, 366, Ipiranga, é uma obra prima que a ótica não nos deixa passar sem registrar todo esse vislumbre que nos fez parar para admirá-la. Arquivada na lente da câmera fotográfica, voltamos de onde partimos e fomos pesquisar o que ela representou para a cidade de São Paulo. A casa da Avenida Nazaré, 366, Ipiranga, São Paulo, consta ter sido a primeira edificação residencial construída em 1916, da referida avenida por Tito Oliani.





Se a casa parece imponente e de grande esplendor, imagina tal qual foi a surpresa ao saber que a casa foi residência familiar do maestro Fúrio Franceschini. Se a casa parecia de grande importância, descobrimos ter maior importância seu proprietário.
Citamos abaixo quem era o ilustre dono da casa, o Maestro Furio Franceschini, pequeno fragmento do que foi toda sua grande obra, com a vibração cultural emanada no interior da casa.
Furio Francischini nasceu em Roma em 04 de abril de 1880. Seu primeiro mestre foi seu pai Filippo Franceschini, professor do Conservatório de Roma da Real Academia de Santa Cecília. Estudou naquela Academia e na Escola Superior de Música em Roma, onde se diplomou com distinção. Estudou ainda em Paris onde teve por mestre J. Mouquet e na Escola de Solesmes estudou canto gregoriano com D. André Mocquereau.
Em 1904 no Rio de Janeiro era regente auxiliar da companhia lírica. Resolveu ficar. Fixou residência em São Paulo, onde permaneceu até morrer. Foi professor de música sacra e canto gregoriano no Seminário Central de São Paulo. Considerado como o maior organista do Brasil deixou como sucessor seu brilhante aluno: o organista Angelo Camin. Suas obras: "Curso de Análise Musical", "Compêndio de Canto Gregoriano" e algumas monografias. Foi autor de mais de 400 peças entre missas e cânticos sacros. Não aceitou convites para substituir seu professor Filippe Capocci como mestre de Capela da Arquibasílica de São João de Latrão e para ser auxiliar de D. Lorenzo Perosi e Mons. Rella na Capela Sistina. Foi membro fundador da Academia Brasileira de Música instituída por Vila Lobos. Suas obras musicais importantes foram: "Paixão segundo São João", de Bach, missas de Palestrina, composta Missa "Cristo Rei". Faleceu em 15 de abril de 1976.
(Dicionário De Ruas)
Obs.: A Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga (FUNSAI) mantem a história do bairro do Ipiranga viva, prevê instalar na residência da Avenida Nazaré, 366, tombada pelo patrimônio histórico, que pertencia ao maestro, o Liceu de Artes Musicais Furio Franceschini, uma escola de música, com o propósito de beneficiar crianças, adolescentes e jovens.
(cred. fotos preto e branco do Maestro Furio Franceschini: Museu Vicente de Azevedo)

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