sábado, 9 de julho de 2022

A Festa do Centenário de Santo Amaro de 10 de julho de 1932 abortada em 9 de julho de 1932 pela Revolução há 90 anos!

FESTA ABORTADA

Em 10 de julho ocorreria o Primeiro Centenário da Cidade de Santo Amaro sendo que havia sido liberado um auxílio cinquenta contos de réis para os festejos. Realizar-se-ia imponentes realizações onde seria oficializada a abertura de grande Exposição-Feira organizada por contrato com Pedro Paulo Lanza e que seria apresentada no "Grupo Escolar Santo Amaro", que também receberia o nome de Paulo Eiró, nome requerido através de petição municipal ao governo estadual em 2 de julho. Além disso, haveria desfile cívico, esportivo militar e religioso, muita coisa foi montada para registrar para sempre o primeiro Centenário de Santo Amaro, até ópera seria apresentada por uma companhia lírica no Cine São Francisco, com o espetáculo "O Rigoletto", do compositor italiano Giuseppe Verdi.

INICIA-SE A GUERRA CIVIL EM 1932!

Enquanto Santo Amaro preparava-se para comemorar seu primeiro centenário em 10 de julho de 1932, São Paulo levantava-se contra o arbítrio federal de governar o país ao seu bel prazer, sem restrições por parte do governante empossado pela revolução de 1930. Já haviam tombado os jovens na Praça da República, a 23 de maio de 1932 em nome da liberdade. Os sucedâneos foram inflamados até 9 de julho deste ano, quando São Paulo declarava guerra contra a ingovernabilidade do país. Alguns acreditam que as elites foram os que idealizaram esse movimento, mas pelas proporções alcançadas tinha iniciado uma guerra civil com participação de vários segmentos.

Em Santo Amaro, em festa, reinava o entusiasmo e a alegria. De repente cessa esse encantamento, sabendo que São Paulo requer o regime da legalidade pela Constituição regente dos destinos da Nação, assume seu compromisso de juntarem-se nas trincheiras e ninguém mais pensou na festa programada há muito.

A Comissão resolve à adesão ao movimento e contata o Governo de Pedro Manuel de Toledo que os encaminha ao coronel Euclydes de Figueiredo, inquirindo o que desejavam. A resposta imediata: "Armas e Munição". Neste momento estava formada a "Companhia Isolada do Exército de Santo Amaro" sob o comando do Tenente Moupir Monteiro e do tenente Luís Martins de Araújo, e o “smoking” de festa foi substituído pela farda de combatente, de 300 homens em efetivo, reportando-se ao comandante da Praça de Santos, o coronel Melo Matos.

Os acontecimentos levaram o governo federal a bombardear São Paulo constantemente com os WACO, os temíveis aviões Vermelhinhos, onde os heróis combatiam no intento de conseguir que fossem reconhecidos direitos contrários a quaisquer ditaduras implantadas. São Paulo não se rendia e combateria sozinho em todas as frentes de norte a sul.

Os soldados de Santo Amaro foram responsáveis pelo litoral de Cananéia a Xiririca, local onde tombou Delmiro Sampaio, única baixa santamarense. Após o armistício retornaram as suas bases todos batalhões, em 12 de outubro de 1932. 


O "Santamarense-nordestino" Delmiro Filgueira(s) Sampaio ("Pernambucano ou Cearense"?)

 (Abaixo segue dos pioneiros da família Filgueira(s) que tivemos a honra de ter anexado ao blog familiar da história do voluntário da Revolução de 1932, pois a família de Serrita não tinha conhecimento desta saga do Voluntário Delmiro Sampaio, da família Filgueira(s), que combateu na Companhia Isolada do Exército de Santo Amaro em Xiririca, hoje Eldorado.)

 No Brasil no século 19, houve um deslocamento migratório devido à grande seca que assolava a região do Cariri, Ceará, em busca de novas terras de cultura e pastagens. Entre esta onda migratória estava Miguel Torquato de Bulhões, que se instalou às margens do Riacho Traíras, dando assim início ao município de Serrinha, alterado posteriormente para Serrita. Neste ainda insipiente povoado instalou-se em 1896, Romão Pereira Filgueira Sampaio, vindos de Jardim, Ceará e seu cônjuge, Idalina Gonçalves Lima e filhos, ela era natural de Serra Talhada, Pernambuco. O Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, assumiu o município de Salgueiro, assentando da cadeira como primeiro prefeito desta localidade, sendo seu filho um combatente por São Paulo.

Última Trincheira: Delmiro Filgueira(s) Sampaio tomba em combate

No combate travado pela Companhia Isolada do Batalhão Santo Amaro, em Lajeado, distante sete quilômetros de Xiririca, frente litoral sul, Delmiro Sampaio morreu a 2 de outubro de 1932, alcançado em cheio por uma rajada de metralhadora, única baixa registrada da Companhia Isolada.

Ele se afastara dos companheiros na direção do adversário aponto de desarticular-se. Pressentido, foi visado e morto. À época contava com aproximadamente 22 anos.

Sepultado no próprio local de sua morte, seus despojos foram posteriormente trazidos para Santo Amaro e em 1957 foi transladado ao Mausoléu aos Revolucionários de 1932, no Ibirapuera, São Paulo.

Foi uma revolução de muitos nomes de várias partes do Brasil e de sobrenomes estrangeiros, unidos em único ideal. Ficou Voluntário Delmiro Filgueiras Sampaio conhecido em Santo Amaro com o apelido de “Pernambuco” e nos registros oficiais o seu nome consta como Filgueiras, no plural.

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