segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A EPOPEIA DOS IMIGRANTES ALEMÃES AO BRASIL (06): AS MISCIGENAÇÕES

 Primeiro período: 1820-1871

A imigração começou propriamente com a abertura dos portos brasileiros, em 1808. O governo passou a estimular a chegada de europeus para ocupar lotes de terra e se tornarem pequenos agricultores. Em 1812, colonos açorianos foram trazidos para o Espírito Santo e em 1819, suíços para Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Após a independência de Portugal, o Império Brasileiro se concentrou na ocupação das províncias do Sul do Brasil, vulnerável aos países da Região da Bacia do Prata.

A partir de 1824, imigrantes da Europa Central passaram a povoar o que hoje é a região de São Leopoldo, na província do Rio Grande do Sul. Em 1830, foi aprovado um projeto de lei proibindo o governo imperial de gastar dinheiro com o assentamento de imigrantes, o que paralisou a imigração até 1834, quando os governos provinciais foram encarregados de promover a imigração.

Em 1859, a Prússia proibiu a emigração para o Brasil. Principalmente por causa das reclamações de que alemães estavam sendo explorados nas plantações de café de São Paulo. Mesmo assim, entre 1820 e 1876, 350.117 imigrantes entraram no Brasil. Destes, 45,73% eram portugueses, 35,74% de “outras nacionalidades”, 12,97% alemães, enquanto os italianos e espanhóis juntos não chegavam a 6%. O número total de imigrantes por ano foi em média de 6.000. Muitos imigrantes, principalmente alemães, foram trazidos para se estabelecer em comunidades rurais como pequenos proprietários de terras. Eles receberam terras, sementes, gado e outros itens para desenvolver.

Entre 1824 e 1972, cerca de 260.000 alemães se estabeleceram no Brasil, a quinta maior nacionalidade a imigrar depois de portugueses, italianos, espanhóis e japoneses. O rápido aumento do número se deve a uma taxa de natalidade muito alta, a mais alta do Brasil.

A grande maioria se instalou nos estados do Sul do Brasil, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de São Paulo e Rio de Janeiro. Menos de 5% dos alemães se estabeleceram em Minas Gerais, Pernambuco e Espírito Santo.

O estado mais afetado pela imigração alemã é Santa Catarina, o único estado onde os alemães eram a principal nacionalidade entre os imigrantes. Alemães e austríacos representavam cerca de 50% de todos os imigrantes estabelecidos em Santa Catarina, e entre 15 a 20% no Rio Grande do Sul e no Paraná. No resto do país, os alemães representavam menos de 5% dos imigrantes.

O século XIX foi marcado por uma intensa emigração de europeus para diferentes partes do mundo, o que conduziu a um processo de europeização destas áreas. Entre 1816 e 1850, 5 milhões de pessoas deixaram a Europa; entre 1850 e 1880 outros 22 milhões de pessoas emigraram. Entre 1846 e 1932, 60 milhões de europeus emigraram. Muitos alemães deixaram os estados alemães após as revoluções fracassadas de 1848. Entre 1878 e 1892, outros 7 milhões de alemães deixaram a Alemanha; depois da década de 1870, a Alemanha foi um dos países de onde o maior número de pessoas emigrou, a grande maioria para os Estados Unidos. De 1820 a 1840, os alemães representaram 21,4% de todos os imigrantes europeus que entraram nos EUA; 32,2% nas duas décadas seguintes; e no final do século 19 eles eram o maior grupo de imigrantes (21,9%) nos Estados Unidos. [8] A imigração alemã no Brasil foi pequena se comparada ao número que foi para os Estados Unidos, e também comparada à imigração de outras nacionalidades, como portugueses, italianos e espanhóis, que juntos representaram mais de 80% dos imigrantes no Brasil no período de maior imigração de europeus. Os alemães apareciam em quarto lugar entre os imigrantes no Brasil, mas caíram para o quinto lugar quando a imigração japonesa aumentou depois de 1908.

Embora a imigração de alemães para o Brasil tenha sido pequena, ela teve um impacto notável na composição étnica do país, principalmente da população do sul do Brasil. Diferentes fatores levaram a essa grande influência. Em primeiro lugar, a imigração alemã para o Brasil é um fenômeno antigo que começou já em 1824, muitas décadas antes do início da imigração de outras etnias europeias para o Brasil. Por exemplo, os primeiros grupos significativos de italianos a imigrar para o Brasil só chegaram em 1875, muitas décadas após a chegada dos primeiros alemães. Quando começou a colonização de outros europeus no Brasil, os alemães já viviam lá há muitas gerações. Outro fator foram as altas taxas de natalidade entre alemães-brasileiros. A pesquisa descobriu que entre 1826 e 1828 uma mulher brasileira alemão de primeira geração teve uma média de 8,5 filhos, e a segunda geração teve uma média de 10,4 filhos por mulher. As taxas de natalidade entre mulheres alemãs brasileiras eram maiores do que as de outras mulheres brasileiras, resultando em um crescimento mais rápido da população de origem alemã do que da população de origem não alemã e um rápido aumento da população de origem alemã no país.

 

https://en.wikipedia.org/wiki/German_Brazilians

 

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