domingo, 19 de julho de 2020

Santo Amaro/SP: Uma Pequena Parte de Sua História


Um território vasto

Santo Amaro foi referido por vários nomes indígenas como: Birapuera, Ibirapoera; Jeribatiba; Santo Amaro de Ibirapuera, até que definitivamente assumiria seu nome atual de Santo Amaro. A fundação de Santo Amaro que, inicialmente era formada por um aldeamento de índios guaianases(guayanãs) pode-se considerar como uma das mais antigas povoações de São Paulo adentrando-se para o interior do Brasil, a Boca de Sertão. O primeiro registro de terras em Santo Amaro, talvez por força da autoridade de documento de Ana Pimentel, governadora da capitania de São Vicente, uma gleba que por muito tempo foi de 640 km², data de 12 de agosto de 1560: duas léguas de terras na margem esquerda do rio (atual Rio Pinheiros) então chamado de Jeribatiba,(Jurubatuba) doadas aos padres jesuítas.

Para efeito de território de cúria Santo Amaro foi elevada a Distrito de Paz por Provisão de 14 de janeiro de 1681, com controle setorial e a partir de 10 de julho de 1832, a Freguesia, como era conhecida toda a relação de paróquia, com seus respectivos “fregueses”, seus moradores, que frequentavam os atos litúrgicos, recebia a outorga de Município. A Catedral de Santo Amaro sofreu várias intervenções sendo as bases da fundação iniciadas no ano de 1686 quando a "Capelinha" foi transformada em "capela curada" pelo Bispo do Rio de Janeiro, Dom José de Barros Alarcão, que dirigia a diocese reportada por São Paulo, elevada a cidade em 1711. Sua estrutura por várias vezes foi alterada, sendo a primeira em 1842. De 1883 a 1886 uma segunda reforma alterava o Frontispício acrescido do relógio da torre, doado por Manuel Antonio Borba em 1885. De 1901 a 1905 houve uma terceira reforma coma construção da Capela-Mor, sacristia e consistório, onde houve a participação do reverendo, padre Bento Ibanez. De 1917 a 1924 houve a construção da nave Central, unindo as duas partes anteriormente construída.

No dia 10 de julho de 1832, por decreto da Regência, Santo Amaro tornou-se independente com instituição própria instalando os trabalhos em 07 de abril de 1833 com a elevação para Vila de Santo Amaro (para ser elevada à condição de Vila deveria providenciar Cadeia, que em 1837 foi aprovada pela Câmara Municipal com imposto de quinhentos réis ao ano para a construção da mesma, além de instituir Forca, Pelourinho, e Igreja), empossando Francisco Antônio das Chagas, pai de Paulo Francisco Emílio de Sales, o poeta Paulo Eiró, também conhecido como professor Chico Doce, através de um eleitorado paroquial, sendo deste modo empossado o primeiro presidente da Comarca de Santo Amaro junto com mais sete vereadores. A primeira sessão da Câmara de Santo Amaro ocorreu no dia 6 de maio de 1833.

Em lei provincial de 1835, instituíram-se cargos de prefeito e subprefeitos, sendo nomeado o primeiro prefeito de Santo Amaro o capitão Manuel José Moraes, em 04 de março de 1835. Era tio-avô de Prudente de Morais, primeiro presidente civil do Brasil República.
Deste modo Santo Amaro foi administrada, por um pouco mais de um século como Cidade, com autonomia de decisão até 22 de fevereiro de 1935, quando houve nomeação por parte da pasta da Justiça do governo Getúlio Vargas, nomeando em 16 de agosto de 1933, interventor federal, um governador biônico, Armando de Salles Oliveira, genro de Júlio de Mesquita, dono do jornal O Estado de São Paulo, anexando Santo Amaro à Cidade de São Paulo, transformando assim parte de uma história de Independência Administrativa.

Em Relatório de Divisas de 1852, consta que o município de Santo Amaro teve vastas divisas, com a freguesia da Sé, pelo ribeirão da Traição acima, desde o ponto em que atravessa a estrada até suas primeiras vertentes e dai seguindo até chegar à Cruz das Almas, na estrada do Carros, a buscar o sítio do Capitão André Cursino, e daí a rumo do SUL, pela estrada que vai ao Curral Grande, sítio de Antônio de Medeiros, seguindo a estrada dos Carros até a encruzilhada do Pinhahiba, onde toca-se com a reta que, seguindo pelo morro Vermelho, divide a Sé da freguesia de S. Bernardo. Também com São Bernardo divide-se caminhando pela estrada do Guacuri, na ponte e córrego no rio Jurubatiba, e por ele a dar no rio Grande, onde faz barra o rio Pequeno, a daí em linha reta à serra do Mar. Ampliou seu território a Santa Efigênia e Cutia pelo ribeirão da Traição abaixo até fazer barra com o rio dos Pinheiros, e atravessando este a rumo direito a procurar a encruzilhada do caminho que vai da cidade de S. Paulo a M’ Boy, até encontrar o rio M’ Boy-Mirim. E por último com Itapecerica, seguindo da ponte que fica no caminho mencionado rio abaixo, até outra ponte do M’ Boy-Mirim, no caminho de Boi Guaçu, e por ele a ponte do Jaceguava e desta ponte, rio acima, até as suas nascentes, e daí, em linha reta, até a serra do Mar, pertencendo a Santo Amaro os moradores que ficam aquém da Serra.

Santo Amaro teve como iniciativa uma linha de trens idealizada pelo Engenheiro Georg Albrecht Hermann Kuhlmann, naturalizado brasileiro que implantou os trens a vapor “Tramlok Krauss” importados da Alemanha. (Foi eleito Deputado Estadual pelo PRP e participou da Primeira Assembléia Constituinte Paulista). Estes trens a vapor ligavam o Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, à Liberdade, próximo ao Vale do Itororó no antigo matadouro de São Paulo (próximo a atual Rua Humaitá). Implantou-se um novo matadouro através do mesmo engenheiro que tinha o monopólio de controle sobre a linha da “Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro”. Esta linha ferroviária tornou-se deficitária e São Paulo assinava contrato com a Light and Power a canadense sediada em Toronto, tendo entre seus acionistas ingleses e norte americanos, para implantar o sistema eletrificado das linhas. Foi criada a The São Paulo Tramway, Light & Power Co. Ltd. em 1899 para iniciar barragens e sistemas onde se criou controle estrangeiro sobre a energia elétrica em São Paulo. A primeiro Hidrelétrica de São Paulo foi a Usina de Parnaíba, Rio Tietê inaugurada em 23 de setembro de 1901 (depois denominada Usina Hidrelétrica Edgard de Souza ou Barragem Edgard de Souza).
Os bondes chegaram a Santo Amaro em 7 de julho de 1913 e circularam pela última vez em São Paulo, com direito a carreata e comício em 27 de março de 1968, saindo do Biológico, Vila Mariana, para o Largo Treze, em Santo Amaro.

Santo Amaro entrou nos planos de expansão do metrô, com a linha Lilás, número 5, ligando a periferia, Capão Redondo - Largo Treze de Maio sendo ampliada até a Chácara Klabin. Atualmente o distrito de Santo Amaro está limitado a pouco mais de 15 quilômetros quadrados, de antigo espaço territorial antigo que excedia a 640 km².

Consta extensa matéria muito mais detalhadas da história de Santo Amaro, acessando o link onde contêm vários outros:



Sem comentários:

Enviar um comentário