sexta-feira, 15 de junho de 2018

O Carrilhão ainda vai repicar os sinos no Campanário da Matriz de Santo Amaro!

História publicada em 13/12/2012 link:


Faz um bom tempo que os paroquianos da diocese de Santo Amaro ficaram alijados de seu símbolo religioso, por vários motivos aquela que foi elevada a Catedral em 1989, por intermédio das atribuições competentes do representante máximo da igreja à época, Papa João Paulo II, juntamente com as Dioceses de Campo Limpo, Osasco e São Miguel Paulista, desmembradas da Arquidiocese de São Paulo.

Necessitava a Catedral de Santo Amaro de reparação urgente em sua estrutura física, cabendo antes uma interferência em sua cobertura, para evitar maiores estragos por infiltrações de umidade que deterioraria um conjunto ainda sustentado por uma tecnologia do século 19.

Urgia interferência, tanto porque Santo Amaro desde muito comporta uma demanda de veículos ao redor do Largo 13 de Maio, no coração de seu eixo histórico, que, aos poucos foi abalando o entorno que não suportava essa enorme afluência veicular e as escavações metroviárias. Mas a matriz galhardamente resistiu ao tempo, suportou uma série de transformações ao seu redor até a chegada da linha Lilás - 5 do metrô de São Paulo. Muita tecnologia de ponta foi usada para essa interferência de modernidade e com a chegada do metrô foram feitos estudo de solo, encontrando-se os trilhos da antiga linha de bonde de Santo Amaro, finda em 27 de março de 1968. O setor de arqueologia diante das circunstâncias fez prospecção das várias camadas de solo em conjunto com um departamento terceirizado pelo metrô incumbido da historiografia local, embora requerido estes estudos finais, jamais foram disponibilizados estas ações pelo metrô.

A Matriz de Santo Amaro é um símbolo com todo seu arcabouço religioso através destas estruturas que foram reforçadas pelo contexto de participação na região de Santo Amaro. Muitos vinham de outras regiões participarem das festas de fervor, como do Divino Espírito Santo, da Santa Cruz, Natividade e outras mais.

O frontispício da matriz volta-se imponente a olhar de sua altura o local de Jurubatiba ou Geribatiba, donde as primeiras canoas afluíram e aportaram nas margens do rio Pinheiros, em 1552, indo depois mais à frente fundar uma das maiores metrópoles do mundo moderno: São Paulo. Por ordem de El Rey com aval religioso do jesuíta Manoel da Nóbrega, confirmado por José de Anchieta e com primeira missa feita por Padre Manoel de Paiva. Um dia volta José de Anchieta aos campos da Vila de Santo Amaro e assim "batiza" e oficializa a primeira missa de Santo Amaro em 15 de janeiro de 1560!

Uma pequena vila local de passagem de quem subia a Serra do Mar ou por ela voltava ao litoral, no seu elevado mais baixo, de aproximados 400 metros, foi parte de um estilo próprio de um caipirismo enraizado do abandono do caboclo nas matas, do matreiro desconfiado, matuto da labuta da enxada, mas que não deixava de caminhar com sua mula e prole "embornada" nos jacás das mulas para orar ao pé dos retábulos referidos por Miguelzinho Dutra, retábulos esses que um dia tomou o rumo da capital por ordem de Dom Duarte Leopoldo e Silva para fazerem parte do acervo religioso e hoje conservado no espaço do Museu de Arte Sacra de São Paulo, na "Sala Santo Amaro", na Avenida Tiradentes, 676, Luz.

Os vários órgãos governamentais de preservação precisam olhar todo acervo ainda existente, antes que os mesmos se tornem lembranças de uma época, e, que o "tombo" não seja mera referência documental de secretarias, que tenham atribuições de conservação!

Era anunciado no jornal "Polyanthéa", em 01 de novembro de 1924, as obras da Matriz de Santo Amaro: número consagrado as festas da inauguração da Nova Matriz, dando por completado os esforços de uma comissão que "representa o maior monumento de nossa terra, estão concentrados os sentimentos mais íntimos e puros da população". Muitos elogios se poderiam elencar neste espaço, mas não cometendo injustiças da falta de evocação de um ou outro que muito contribuiu para que pelas portas novamente entrasse "A Luz", fazemos aqui uma menção de agradecimento aos santamarenses natos e aqueles que são de coração e que encontraram neste rincão, de boca de sertão, primeira entrada do "sertão paulista", um acolhimento digno onde o pertencimento é marca registrada e deve ser mote de quem em Santo Amaro vive!

As duas obras de vulto no restauro da Matriz de Santo Amaro foram feitas com datas definidas em 1924 (documentos da época) e agora em 2012, no dia da Imaculada Conceição, em uma distância de 88 anos e que ainda há de ser completada com o carrilhão repicar os sinos no campanário em sinal da presença da fé dos botinas amarelas!

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