O Bairro do Jardim São Luiz e seu povo
Geraldo Fraga
de Oliveira nasceu em 2 de setembro de 1928, natural do Carmo, no estado do Rio
de Janeiro, vindo para São Paulo ainda criança, quando seu pai, Arlindo Fraga
de Oliveira, foi transferido por ser funcionário da Light que, devido às usinas
em expansão e instalação de redes elétricas ao longo da extensão do Rio
Pinheiros, fixou residência na esquina da Avenida João Dias com a antiga Rua
Piratininga[1],
atualmente denominada Rua Dr. Rubens Gomes Bueno.
Jaldelina de
Souza Fraga, sua mãe, assumia a responsabilidade de cuidar das crianças com a
educação rígida da época, mantinha,além do menino Geraldo, o Osvaldo, Orlando,
Rosa, Haroldo e Ivone. Uma heroína como todas as mães conseguia a disciplina da
boa convivência.!
Nesta época o
famoso Grupo Escolar “Paulo Eiró”[2], fundado
em 1910, era a única alternativa para as crianças estudarem. Foi ali que o
menino Geraldo conseguiu a formação básica. Demoliram essa escola no final da
década de 1970, para construir a Praça Salim Farah Maluf, sendo construído novo
prédio próximo ao Terminal de ônibus de Santo Amaro.
Santo Amaro
era um local aberto e propício para as crianças extravasarem toda sua alegria e
energia, e a felicidade do menino estava nesses encontros com a “molecada”, que
formavam as mais espetaculares peladas em campos de futebol “carecas” de terra
batida.
Quando jovem,
formou-se no time do Benfica, de futebol da várzea paulistana, que era próximo
de sua casa, tornando-se campeão da modalidade de 1952 e 1954, e que com várias
agremiações como Rubro Verde, Palmeirinha, Formoso, GUSA, Vila das Belezas,
Santo Amaro Futebol Clube, Portuguesinha, somadas a tantas outras que alegravam
os domingos santamarenses.
Geraldo Fraga
de Oliveira era bem extrovertido e de boas relações com os moradores,
tornando-se inspetor de quarteirão, atividade em que controlava pequenos
atritos locais, mantendo a política da boa vizinhança, além de requerer melhorias
perante a Subprefeitura de Santo Amaro. Foi apartando um entrevero no Bar
Esportivo, onde ficavam expostos os troféus e se reuniam todos para
comemorações das disputas vencidas, que em 1953 foi golpeado com facadas por um
desconhecido, sendo prontamente socorrido na Santa Casa de Misericórdia de
Santo Amaro.
Conseguiu
restabelecer-se, mas, desde então, engordou de tal maneira que já não havia
condições da prática esportiva e assim abandonou as quatro linhas como jogador,
e foi dirigir o time que defendia: o Esporte Clube Benfica, fundado no dia 1º
de janeiro de 1934, nas proximidades da Avenida João Dias.
Em 1952, a
família mudou-se para o bairro do Jardim São Luiz, à Rua 1, que atualmente recebe
o nome de Rua Geraldo Fraga de Oliveira.
O bairro do
Jardim São Luiz[3]
formou-se após o Rio Pinheiros pelo decreto do governo de São Paulo nº 3079, de
15 de setembro de 1938, quando foi loteado pela Sociedade Paulistana de
Terrenos S.A., possuindo bela vista panorâmica da cidade.
Geraldo Fraga de Oliveira constituiu família com a senhora Geralda Laudino de Oliveira e crescia com a
chegada dos filhos Luiz Carlos, Mário Luiz, Maria Helena e Sonia Maria.
Exercia a
profissão de despachante, profissão requerida pelos moradores que chegavam à
região precisando de regularização de documentos pessoais e de imóveis e outros
assuntos relativos à prestação de serviço nesta área.
O Bairro
Jardim São Luiz era um local ainda em formação e carecia de todo saneamento
básico, água, esgoto, luz, asfalto, transporte coletivo e para sanar algumas
dessas deficiências foi fundada em 1956 a Sociedade Amigos do Bairro[4], onde
Geraldo Fraga de Oliveira fez parte da primeira diretoria como vice presidente,
contribuindo bastante para lutar por melhorias do local juntamente com a comunidade.
Mas o futebol
estava no sangue, e em 13 de março de 1961 ele, com mais outros abnegados
esportistas, fundaram o Esporte Clube Jardim São Luiz, “O Vermelhinho”,
defrontando-se com muitos times formados na época em memoráveis disputas.
Por
muito tempo usaram o terreno municipal onde criaram a “Praça de Esportes Dr.
Fernando Escalamandré Junior”, hoje é a “Escola Municipal Charles de Gaulle”.
A topografia do
terreno era íngreme e dificultava muito o trabalho de terraplenagem, mas a
diretoria incansável, dinâmica e operosa dirigida pelo seu presidente não
desistia de seu intento. Em 19 de outubro de 1963 o jornal “A Tribuna”, da
família Manzini, registrou o feito em sua edição quando o time local
defrontou-se com o Grêmio Esportivo Vasco da Gama.
Em
substituição ao antigo campo de futebol, foi construído em outro terreno ao
lado da “Escola Municipal Charles de Gaulle” o Centro Desportivo Municipal São
Luiz, criado pela portaria 605 de 04 de dezembro de 1975, decreto nº 12.429,
vinculado à Secretaria Municipal de Esportes.
Por novo decreto municipal,
alterou-se o nome para Clube da Comunidade[5] (gerida
por organizações da sociedade civil) a “Praça de Esportes Geraldo Fraga de
Oliveira”, em homenagem ao homem que foi incansavelmente voltado ao bem-estar
da comunidade jardinense e que merece todo respeito por parte daqueles que
usufruem atualmente do espaço nas competições da atualidade.
Seu
passamento ocorreu em 18 de março de 1972, sendo transportado pelo corpo de
bombeiros, pois era um homem de físico avantajado, corintiano de coração, e
acima de tudo um belo exemplo de grande desportista.
Fonte:
Depoimento
concedido aos 14/04/2006, por Rosa Fraga de Oliveira, Jucélia Rocha de
Oliveira, respectivamente irmã e cunhada, no bairro Jardim São Luiz, de quem os
feitos da família são eternamente enaltecidos.
[1]
Neste local onde antes havia uma chácara, depois foi construída as empresas:
Américo Marieta Tintas, depois a Móbil Química, seguida da atacadista Grande
Giro e por último a Igreja Universal.
[2] Demoliram
o Grupo Escolar “Paulo Eiró”no final da década de 1970, para construção da Praça
Salim Farah Maluf, sendo idealizado novo prédio próximo ao Terminal de ônibus
de Santo Amaro
[3] BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ,
São Paulo/SP
[5] Os Clubes da Comunidade, CDCs, são
unidades esportivas menores do que os Clubes-Escola. Ocupam terrenos
públicos municipais e devem ser geridos por entidades locais com estatuto
regular com participação da comunidade. São espaços abertos ao público para a
prática esportiva.
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