Sociedade Amigos registrada
em 30 de julho de 1956: 2016, comemoração de 60 anos
O Bairro Jardim São Luiz
O bairro Jardim São Luiz, situado no município de São Paulo, foi
criado de acordo pela lei nº 58 de 10 de dezembro de 1937, decreto nº 3079 de
15 de setembro de 1938. Loteamento inscrito sob nº 36, 11ª Circunscrição de
Registro de Imóveis, localizado atualmente na Rua Nelson Gama de Oliveira,
235/365, na Vila Andrade, Região do Morumbi, São Paulo. O bairro era o 30º
subdistrito de Santo Amaro e as decisões administrativas dos bairros emergentes
partiam da subprefeitura de Santo Amaro, na Praça Floriano Peixoto, São Paulo.
Na década de 1950 o desenvolvimento dos bairros insipientes
da cidade de São Paulo era limitado sendo os loteamentos criados sem saneamento
básico, de água, luz e esgoto, sem infra-estrutura alguma, apenas com arruamentos,
ficando o resto a cargo do adquirente do lote.
A Prefeitura do Município de São Paulo não possuía um
plano diretor eficiente para implantar ações de melhorias em toda a periferia
de São Paulo, que crescia sem planejamento adequado e ainda se usavam os
antigos códigos de posturas.
Iniciava-se
deste modo o loteamento pela “Sociedade Paulistana de Terrenos S/A”
compreendendo uma área física relativamente pequena de 840.000 metros quadrados
situada além da margem do Rio Pinheiros. Desta área total 590.000 metros
quadrados foram implantados lotes de 250 a 300 metros quadrados e o restante
distribuídos em arruamentos e áreas verdes reservadas para praças.
Sociedade
Amigos do Jardim São Luiz
Em
21 de julho 1956, no bairro São Luiz criou-se a diretoria da “Sociedade Amigos
do Jardim São Luiz”, assinada pelo seu primeiro presidente empossado
Rafael Guastaferro e registrada em 30
de julho de 1956 no Cartório de Registro de Títulos e Documentos de Pessoa Jurídica
da Capital, sendo “uma sociedade civil
sem fins lucrativos, políticos e religiosos” e “por objetivo estudo de todos os problemas do Jardim São Luiz e a
colaboração coma as autoridades administrativas para a solução dos mesmos”.
Foi criada pelo estatuto a formação da Sociedade Amigos,
que se fixou na Rua Caetano Dias Pereira, 28, dentro do território do
incipiente bairro Jardim Brasília, local da chácara do imigrante japonês Yoshimasa Minamoto, que
depois passou a ser nome da Rua Yoshimara Minamoto, com erro de grafia no nome.
O estatuto consta das obrigações dos associados com
registro em atas com redação de praxe conforme Decreto nº 4.857, de 9 de
Novembro de 1939.
Formou-se deste modo a primeira diretoria da Sociedade
Amigos do Jardim São Luiz conforme descrito
abaixo:
Presidente: Rafael Guastaferro
1º Vice Presidente: Geraldo Fraga de Oliveira
2º Vice Presidente: Angel Aliberto Garcia
Secretário: Mario dos Reis Junqueira
1º Secretário: Lázaro dos Santos Oliveira
2º Secretário: Lindauro Felix Carvalho
Tesoureiro: Manoel Luiz Gouvêa
1º Tesoureiro: José Lipay
2º Tesoureiro: Hirto Velasco
Procurador: Geraldo Cardoso Machado
1º Procurador: José Cassiano da Cruz
2º Procurador: Satiko Minamoto
Esses empossados assumiriam o mandato por três anos e
mais um número ilimitado de sócios que formavam assembléia o corpo para
deliberação das reivindicações prioritárias.
ENERGIA ELÉTRICA
A primeira reivindicação unânime dos primeiros moradores era
pela instalação de energia elétrica no bairro que deveria ser requerida junto a
“São Paulo Light and Power Co. Ltd.”, uma concessão governamental por comodato
a uma empresa canadense associada a grupos financeiros ingleses e americanos, depois
repassada ao Brasil dando origem em São Paulo a atual Eletropaulo.
Nesta mesma época houve a implantação da “Panificadora
São Luiz”, de propriedade do senhor Tertuliano Oliveira, que apostou no
crescimento do bairro, saindo de Santo Amaro, em 1957, onde possuía a “Padaria
Brasileira”.
Na “nova” padaria foram instalados equipamentos que exigiam um
gerador de energia elétrica potente para mover as máquinas de panificação. Foi
instalado através de postes de madeira, muitos dos quais adquiridos e pagos por
moradores à época, sendo a linha de transmissão ampliada para várias ruas,
dando adeus às fumaceiras dos lampiões a querosene, as lamparinas e as velas de
cera ou os famosos lampiões a gás, uma modernidade para a época. Este tempo findava-se
com a chegada da energia elétrica no bairro.
Chegavam também às transmissões radiofônicas aos lares
com rádios de móveis enormes em madeira maciça, tocando músicas sertanejas das
lembranças do interior com Tonico e Tinoco, às cinco horas da manhã, acordando
os trabalhadores que se dirigiriam as indústrias de Santo Amaro ao aroma do
café torrado moído na hora em um triturador manual e coado em um saco de linho
pendente em um suporte de ferro recolhendo o líquido fervente.
As primeiras televisões eram móveis bem trabalhados que
transmitiam as pioneiras imagens televisivas da TV Tupi de Assis Chateaubriand ou
a TV Record, de Paulo Machado de Carvalho, com imagens trêmulas. Esse pioneirismo
estava na empresa de rádio e televisão Semp que se fixou na Avenida João Dias, mais
tarde atraiu os interesses do capital japonês da Toshiba. Havia outras de fama
como a conceituada ABC a “Voz de Ouro”, Telefunken, Philco, Colorado, Philips, enfim
o Brasil se abria para a era dos eletrônicos.
Foi assim que se disseminou a eletricidade ao
bairro do Jardim São Luiz, embora os apagões fossem consequência de um gerador de
energia que não suportava tanta carga, mas foi um bom começo.
Os chuveiros Lorenzetti, enormes e bons, ganharam espaço
e substituíram os “antigos” baldes pendentes em muitos banheiros locais que
vinham das caixas d’água direta de uma ducha gelada, controlada por um registro
no cano de saída.
ÔNIBUS NO JARDIM
SÃO LUIZ E O NOVO COLÉGIO
Na estrada de Itapecerica já existiam a linha de ônibus
de Emílio Guerra e servia a região do Capão
Redondo. Assim a necessidade mais imediata do Jardim São Luiz depois da energia
elétrica era o transporte coletivo.
A primeira empresa a fornecer um
sistema de transporte no bairro do Jardim São Luiz foi a "Viação
Colúmbia", tendo seu ponto inicial na entrada da Penhinha, próximo a
pequena Capela de Nossa Senhora da Penha, onde hoje se localiza o Supermercado
Extra, na Avenida Maria Coelho Aguiar.
A
Viação Colúmbia teve pouca duração, pois possuía veículos antigos e não
oferecia um serviço regular, sendo substituído pela Empresa São Luiz de Viação Ltda, (atualmente é representada pela Campo
Belo, Consórcio 7) que com a chegada do asfalto na década de 1960
proporcionou que a linha
principal até o Vale do Anhangabaú tivesse seu ponto inicial na Rua B, atual Rua João Fernandes Camisa Nova Junior.
principal até o Vale do Anhangabaú tivesse seu ponto inicial na Rua B, atual Rua João Fernandes Camisa Nova Junior.
Em 1962, outra reivindicação importante foi a construção do
novo Grupo Escolar São Luiz, pois o antigo era de madeira, sendo hoje a atual Escola Estadual Marechal Eurico Gaspar Dutra.
Assim foi inaugurado um moderno em alvenaria que mais tarde recebeu o
nome de “Escola Estadual Professor Luiz Gonzaga Pinto e Silva”, na atual Rua
Geraldo Fraga de Oliveira, no governo de Carvalho Pinto.
A Sociedade Amigos do Jardim São Luiz ainda proporcionou
muitas outras formas de benefício e criou festivais infantis de palhaços a
brincar com toda gurizada somada às festas de integração com a população e
muitas matinês carnavalescas.
Em sua sede foram recebidos
políticos, tendo papel importante na época, pelas benfeitorias requeridas para
o desenvolvimento deste bairro da periferia de São Paulo. Em 1959 visitou a Sociedade Amigos do Jardim São
Luiz o professor Jânio da Silva Quadros, candidato pela presidente da República
e que já havia governado o Estado e o município de São Paulo.
Foi proposto no
prédio de três andares para tornar-se exemplo a tantas outras cidades em São
Paulo, mas infelizmente jamais foi realizado.
Depois de tantos eventos a sociedade perdeu seu foco
principal e no local uma casa dançante, que descaracterizou a Sociedade Amigos
do Jardim São Luiz. A comunidade perdeu assim o interesse pela sede e, depois
de algum tempo, chegou-se a decisão de que, amigavelmente, o senhor Augustinho,
dono do forró, devolveria o local para inaugurar a Companhia da Polícia Militar
sendo implantado o Conselho de Segurança na região em 1989.
Depois com a mudança
da Companhia para outro local do Jardim São Luiz, no antigo prédio da Rua Geraldo Fraga de Oliveira (Feirão) dos funcionários municipais que cuidavam da limpeza pública a antiga sede por algum tempo funcionou como lava rápido.
Atualmente o local serve para ações sociais jovens e terceira
idade, além de, aos domingos, serem feitas missas de culto católico onde
participam os pioneiros que ousaram desenvolver o bairro do Jardim São Luiz.
Fazer a crítica da
crônica para estabelecer a historiografia com outras considerações!
Muito há
de se contar ainda, e a crônica está aberta para novas referências históricas.
Vide:
Yoshimara Minamoto, o Bairro Jardim Brasília e o time de várzea:
Distrito São Luiz
BAIRRO JARDIM SÃO LUIZ, São Paulo/SP
Bernardo Vicente Xavier e o Bairro Jardim São Luiz, São Paulo
Os Ônibus de Emílio Guerra, a Viação Colúmbia e a Empresa São
Luiz Viação Ltda
Decreto nº 4.857, de 9 de Novembro de 1939 http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1930-1939/decreto-4857-9-novembro-1939-362396-publicacaooriginal-1-pe.html
(Dispõe sobre a execução dos serviços
concernentes aos registros públicos estabelecidos pelo Código Civil,
publicado no Diário Oficial da União - Seção 1 - 23/11/1939,
Página 27048)
Decreto nº 13.556, de 30 de Setembro de 1943- Modifica o decreto nº
4.857, de 9 de novembro de 1939. http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1940-1949/decreto-13556-30-setembro-1943-463147-publicacaooriginal-1-pe.html
(publicado no Diário Oficial da
União - Seção 1 - 2/10/1943, Página 14729 (Publicação Original)
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