Italianos Fazendo
São Paulo
Há sempre algo a ser
revelado nos recônditos da história, antes da mesma representar algo histórico.
Precisa-se antes de tudo muito trabalho de abnegados que trabalham
incessantemente antes de um fato histórico representar algo de relevância.
A SEDE RELIGIOSA DE SÃO PAULO
A nova Sé começou a ser
projetada quando em 7 de junho de 1908 o Papa Pio X por decreto elevou a
Diocese de São Paulo a categoria de Arcebispado e o primeiro bispo local Dom Duarte Leopoldo e Silva foi
promovido a Arcebispo Metropolitano. Em 25 de janeiro de 1912 foi anunciada a
demolição da antiga Catedral da Sé para ser construída outra na metrópole
paulistana. Foi convocado em 1913 para essa grande missão o professor da Escola
Politécnica de São Paulo, Maximilian Emil Hehl.
Houve muito trabalho realizado na Catedral, inaugurada pelo arcebispo Dom Carmelo de Vasconcellos Motta. Muitas pedras vinham da Europa até eclodir a 2ª Grande Guerra, que dificultou a importação sendo então extraída material da pedreira de Ribeirão Pires, em São Paulo. As torres só viriam a ser completadas em 1967.
Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo
Retrocedamos um pouco na história e veremos alunos do Liceu de Artes e Ofícios trabalhando com grande entusiasmo e afinco pela Catedral “nova” de São Paulo, a Nova Sé, após ser demolida a antiga onde hoje está o Monumento ao Apóstolo do Brasil e elevado a santo, Padre José de Anchieta[1].
Em 1954, quando a
Cidade de São Paulo comemorava o seu 4º Centenário, muitas obras que foram idealizadas
com grande criação artística pelo Liceu de Artes e Ofícios, sendo que na
Catedral da Sé as portas de quase uma tonelada foram fabricadas e montadas no
Liceu a partir de projeto de Anhaia Melo, além de muitas confecções internas
como os bancos e púlpitos foram instaladas na grandiosa obra de arquitetura neo-gótica.
Temos diante deste
cenário uma escola de primeira oficio técnico, incentivando muitos filhos de
imigrantes a buscarem “um caminho na vida”, que então eram encaminhados para o Liceu
de Artes e Ofícios, na Avenida Tiradentes, onde hoje temos a Pinacoteca, bem em
frente ao monumento em homenagem a Ramos de Azevedo, que mais tarde, com a
transferência da Faculdade Politécnica de São Paulo foi também remanejado para
as dependências da Cidade Universitária. Este era o ambiente urbano que
diuturnamente freqüentava o menino Daniele Amato Pascale.
Daniele Amato Pascale,
de família italiana, nasceu em 13 de agosto de 1934, na Vila Mariana, na Rua
Humberto Primo, 909, na antiga Avenida Rodrigues Alves, que mais tarde ganhou
mais dois nomes, Avenida Ibirapuera e Avenida Vereador José Diniz, até o
encontro da Avenida Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro.
Por contingências do
deslocamento urbano do operariado paulistano a família Pascale resolveu
mudar-se para Santo Amaro e deste modo Francisco Pascale e sua esposa Vincenza
Amato Pascale deslocou-se com toda família para a região ainda pouco habitada,
vindo a residir na Rua Jupi, travessa da Avenida João Dias em 1942.
ITÁLIA:
Santa Maria de Castellabate
De Santa Maria de
Castellabate*, no sul da Itália, da terra de antepassados que vieram “fare la
América”, estavam seus avós Daniele Pascalle e Maria Angela Trombetta Pascale,
por parte de pai, e Gustable Amato e Clorinda Sauzano Amato, avós de Daniele
por parte de mãe, que tiveram o registro imigratório a partir de Carmila Amato
e Vicenza Piccirilo Amato, seus bisavós, que aportaram em Santos em 1912,
começando deste modo a saga da família no Brasil.
(REFERÊNCIAS WIKIPEDIA)
(* O nome deriva do Castelo de
Sant'Angelo, construído pelo abade Costabile Gentilcore em um local estratégico. Após sua morte, a fortaleza foi chamada pela população local pelo nome
de seu criador, dando origem ao nome da vila de acordo com esta linha
etimológica: "Castrum abbatis" ou "Castelo do Abade” e deste derivou-se
para "Castellabate".)
Lungomare Pepi
Palazzo Perrotti e torre Pagliarola
Pela efervescência da
Cidade de São Paulo em franco desenvolvimento, a família enveredou-se para o
ramo da construção civil fazendo parte dos profissionais que edificaram a Nova
Catedral da Sé de São Paulo.
Enquanto isso os filhos
de seu Francesco e dona Vicenza eram encaminhados para as escolas públicas
existentes: Tulia, mais tarde seguiu o caminho religioso se tornou Irmã
Missionária do Jesus Crucificado. Tinha ainda outra moça de nome Maria, depois
Assumpta e os meninos que seguiram pelo ramo técnico sendo que José tornou-se
engenheiro civil e Daniele foi para a afamada Escola Liceu de Artes e Ofícios
de São Paulo. Em 1949 fez parte do corpo técnico que confeccionou as portas,
bancos e púlpitos, confessionários da Catedral de estilo gótico da Sé de São
Paulo. Ao todo havia nesta turma de marceneiros, aproximadamente 40 jovens entre
marceneiros e entalhadores que trabalharam incessantemente de 1949 a 1954, ano
de “fundação da nova” Sé paulistana. Evidentemente que caixilhos e outras peças
de ferro ou aço não estavam no campo especifico de confecção em madeira e foram
fabricadas por outras equipes de estudantes.
FRANCESCO PASCALE E VINCENZA AMATO PASCALE
A família teve participação efetiva na obra da Catedral, sendo que seu avô Gustable foi um dos colaboradores da montagem do Monumento representativo da primeira travessia do Atlântico, obra do italiano Ottone Zorlini, que foi erigido na Avenida De Pinedo em 1929, no bairro da Capela do Socorro, contratado pelo Circollo Italiano que na época não mediu esforços para tal empreitada.
MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO: 3ª MONTAGEM NO ATUAL PARQUE DA BARRAGEM NA CAPELA DO SOCORRO
Gustable ainda fez parte do grupo de empreiteiros da torre da
Igreja da Saúde, em São Paulo, seguido dos familiares Arthuro Amato e Rafael
como edificadores da Catedral.
Em 1952 a família adquiriu um terreno amplo na Rua 3, atual
Rua Osvaldo Pires de Souza, no Bairro do Jardim São Luiz, da Companhia
Paulistana de Terrenos.À época este incipiente bairro de operários pertencia ao
30º subdistrito de Santo Amaro.
Em 1955 Daniele Amato Pascale mudou-se para o
Bairro do Jardim São Luiz, casando-se em 10 de setembro do mesmo ano com a
senhora Maria de Lourdes Barbosa tendo aumentado a família Pascale com os
filhos, Francisco, Rosana, Márcia, Rosely e Luciana.
Os seus sogros Sabino e Temedia Barbosa também adquiriram terrenos no antigo local onde foi construído Feirão Coberto pelo então prefeito de São Paulo, Faria Lima, hoje Praça José Fernandes Camisa Nova, no Jardim São Luiz. Esta área foi desapropriada com indenizações irrisórias para os proprietários, somado aos Pascale estava "Chico" Furukawa, nipônico que já havia construído sua residência no local.
CASA DOS FURUKAWA ONDE HOJE É A PRAÇA JOSÉ FERNANDES CAMISA NOVA
PRAÇA JOSÉ FERNANDES CAMISA NOVA (atualmente)
Adquirindo experiência neste ramo de marcenaria Daniele Amato Pascale, já com formação adquirida foi trabalhar na região do Brooklin na Zeller Decorações, tendo á frente o suíço Teodoro e seu filho Adriano Zeller, onde permaneceu até o ano de 1990.
Deste modo mais um
“oriundi” faz parte do desenvolvimento de São Paulo e que dignifica o lema
“honra e trabalho” do grande industrial, o Conde Francesco Matarazzo, filho
também de Santa Maria de Castellabate, Itália para “fare São Paulo”.
Vide também:
BAIRRO JARDIM SÃO
LUIZ, São Paulo/SP
A “Fundação Santos Dumont” e os restos mortais de
Bartolomeu Lourenço de Gusmão
http://carlosfatorelli27013.blogspot.com.br/2013/07/a-fundacao-santos-dumont-e-os-restos.html
ÍNDICE DE TEXTOS
SOBRE O MONUMENTO AOS HERÓIS DA TRAVESSIA DO ATLÂNTICO: DESMISTIFICAÇÃO
Castellabate - https://it.wikipedia.org/wiki/Castellabate
[1]
Em 10 de agosto de
1736 o Papa Clemente XII declarou o Padre Anchieta como Venerável.João Paulo II
beatificou-o em 22 de junho de 1980. O Papa Francisco assinou em 3 de abril de 2014 o decreto que proclama santo o
jesuíta espanhol José de Anchieta. A assinatura ocorreu durante uma reunião
entre o pontífice e o cardeal Angelo
Amato, prefeito da Congregação das Causas dos Santos, responsável por
todos os processos de beatificação e canonização existentes na Santa Sé. Em 24 de abril de 2015 um ano após ter sido declarado santo pelo papa
Francisco, São José de Anchieta recebeu o título de padroeiro secundário do
Brasil, sendo o padroeiro oficial do país ao lado de Nossa Senhora Aparecida.
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