sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Meio Ambiente e Omissão na Zona Sul

O presente é o passado mais recente que refletirá no futuro!


Debates de preservação nas comunidades periféricas de São Paulo existem aos montes. ONG disso e daquilo, grupos de rede, associações, igrejas, participação de jornalistas, advogados da causa de preservação ambiental, engenheiros, arquitetos, historiadores, enfim, uma gama de profissionais de pluralidade de áreas.

Aparecem dados de planilhas, petições à promotoria pública, ações impetradas de preservação pontual ou não, sendo mais abrangentes, entra-se com ações civis das mais variadas ao ministério público, acionam policiais de várias corporações, vem o alto escalão de comando defender sua posição apresentando em bonito “power-point” com estudos de ações de desocupação por ações militares dentro da legalidade do Estado de direito, impetrado pelo poder municipal.

A omissão do Estado é latente, pois é um gastador inveterado sem pautas definidas vivendo constantemente de paliativos. Atrasos constantes de ações reais para evitar determinadas situações são debatidas por uma câmara que somente verbaliza sem concretizar um planejamento de obras adequadas, usando de suas prerrogativas de mandato.  Somente sabem agir quando pretendem assumir o controle físico de áreas consideradas de interesse público.  Assim o Estado omisso e a justiça morosa nas ações, dão margem as irregularidades em áreas de mananciais, ou seja, de onde se bebe água! Ações efetivas não existem e o parlamentar, parlamenta em ações inócuas, protelando o problema para gestões futuras em troca do sufrágio, embargando determinado processo por ordem de alguma ação ligada a redes de interesses pessoais e agem como interlocutores daqueles que detém o interesse subjetivo, atrasando o processo.

Existem “terreiristas”, loteadores de glebas não oficiais, que conseguem por algum meio fabricar um loteamento clandestino, geralmente em áreas de algum proprietário que recebeu as terras como herança e quer angariar lucros imediatos, ou aquelas terras que são consideradas devolutas e de interesse social e juntamente com uma estrutura articulada em alguns gabinetes “ganham” a condição de corretagem ilícita, enganando incautos. As invasões de terra acontecem há décadas e sempre houve conivência de setores do Estado com suas secretarias e gabinetes. Deixaram-se determinados “organizadores” de invasões assumirem como lideres comunitários controlando interesses pessoais da sociedade, que não possuem trabalho e renda, e que são manipuladas por promessas eternas, vivendo sempre da informalidade e manipulados para produzirem instabilidade constante.

Locais na zona do extremo sul, região de Santo Amaro, é agora de grande interesse imobiliário, onde estão sendo construídos apartamentos do mais alto nível de requinte. Não houve antes destas aprovações imobiliárias um plano diretor, códigos de postura ou de conduta, para definir espaços de bem estar social, além de não se importarem com ampliação da malha viária. 

Sabe-se que São Paulo, como toda grande cidade, gera lixo na medida da proporção da cidade e que é lançado em aterros, não havendo coleta seletiva de material reciclável, talvez algo pontual aqui ou ali, para apresentar como responsabilidade municipal, mas que é algo apenas para manter as aparências. 

Em matéria de Washington Novaes é citado um dado alarmante: “Diariamente 5,4 bilhões de litros de esgotos não tratados são descartados. Perto da metade dos domicílios não é ligada em redes de esgotos” [1].  
Alarmante e inimaginável dimensionar este montante de água sem o mínimo tratamento, apenas despejos “in natura” de dejetos vindos de “descarte” humano!  Dejetos produzem o abastado e os de pouco recurso, é uma necessidade fisiológica e, portanto, natural, a questão é como isso é tratado, na concepção do termo e nas efetivas soluções.

Como citações de especialistas, e aqui cito meu amigo Odair José Luciano, um apaixonado pelo meio ambiente, pois o mesmo vive no meio da Estrada da Baronesa, um recanto onde ainda há matas intocadas, mas que falta pouco para a degradação total, sendo o local parte do leito do rio M’ Boi Mirim e o mesmo já possui alto grau de devastação desde a cidade do Embu das Artes, cortando a região de Itapecerica, sendo em todo o trajeto, sendo um esgoto a céu aberto! Existem centrais de coleta e tratamento de esgoto em dois grandes complexos da grande São Paulo, insuficientes para o sistema urbano. 
Os afluentes que alimentam os mananciais despejam suas águas apodrecidas na represa Guarapiranga, que possui uma comporta (contenção) ligando ao Rio Pinheiros que por sua vez, seu fétido leito recebe vários dejetos possíveis sendo afluente do rio principal de São Paulo, o Tietê.
A ESTRADA DE ITAPECERICA, O RODOANEL E O RIO M' BOI MIRIM

PROXIMIDADES DA ESTRADA DA BARONESA

Conforme peritos no assunto não há na atualidade equipamentos  de bombeamento de esgoto a longas distâncias, e, além disso, é inviável centrais muito distantes.
ENCONTRO DO CANAL E RIO JURUBATUBA: ESTAÇÃO CPTM SANTO AMARO
EQUIPAMENTO OBSOLETO DE LIMPEZA DO RIO PINHEIROS

 de construírem pequenas centrais de coleta de esgoto, ficando isso para  definições de especialistas da área técnica, e que as verbalizações passem as ações concretas, sem os interesses dos holofotes!

Tentou-se a flotação do Rio Pinheiros, mas causou mais impacto nocivo degradando com a lama outro problema somado a outros tantos. 
EQUIPAMENTO DE FLOTAÇÃO:



"Após dez anos de investimentos públicos que chegaram a R$ 160 milhões, o governo paulista desistiu do plano de limpar o rio Pinheiros pelo método de flotação".

O fedor do Rio Pinheiros afeta o setor imobiliário onde foram implantados escritórios de grandes multinacionais nas avenidas Nações Unidas. (comumente conhecidas com Marginais em São Paulo)
MARGEM DO RIO PINHEIROS: GRUA DE LIMPEZA

 O ciclo está fechado! Quem tem a concessão de uso da água para vendê-la aos usuários, capta água da represa que possui um tratamento especifico,jogando de tempos em tempos produtos químicos nas águas, enviando ao usuário, que usá-a de diversas formas, lançando depois de volta para uma rede de “afastamento” da sujeira e que deste modo é enviado aos afluentes que por sua vez retorna ao “reservatório” Guarapiranga, sem tratamento prévio nesse ciclo. 
MATERIAL QUÍMICO LANÇADO NA REPRESA DE GUARAPIRANGA: sulfato de alumínio misturado a cal, corrigindo a acidez do primeiro.

Assim a concessionária controla essa demanda, cobrando taxas por estes dois serviços prestados: o de abastecimento de água “limpa” e o “afastamento” da água suja, esgoto sem nenhum modelo eficaz em evitar que águas ainda em “boas” condições sejam afetadas por matérias pesados, dejetos humanos e outros compostos.
ALGAS E ÁGUAS DA REPRESA DE GUARAPIRANGA: como corrigir isto?

 Tudo isso é discutido em rodas de encontros comunitárias há longa data, e todos os governantes são coniventes, com a situação, independente das ideologias, sem exceção.

Investimentos, inclusive internacionais, estão destinados para conter esta degradação constante, mas, todos devem assumir seu grau de responsabilidade no meio deste bioma! As políticas públicas existem, mas são insuficientes para demanda. O exemplo vem de cima, cumpra-se o necessário!



[1] O ESTADO DE SÃO PAULO-19 de novembro de 2012

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