SANTO AMARO/SP E O
PUGILISMO DE JACK MARIN
Santo Amaro, em São Paulo, possui uma história
que muitas vezes se confunde realidade e mito. Os mitos parecem nascer após
expirar a vida e então construir algo irreal: “Dê-me um ídolo morto e te darei um mito”. Outros escreveram
sua história, mas foram esquecidos pelos registros historiográficos.
Joaquín Marín nasceu a 15 de
fevereiro de 1903, em Sevilha, em Espanha, onde foi campeão nacional e chegou a
disputar o título europeu, na década de 20, segundo o professor Waldemar
Zumbano, conhecedor da história do pugilismo.
JACK MARIN matéria jornalística do "DIÁRIO" (em espanhol) artigo de 10 de Maio de 1929
Wademar Zumbano[1], que lutou em São Paulo a mesma época que “Jack”, afirmava que ele se apresentava “com técnica e franqueza, tão leal como firme”. No Brasil fez muitas lutas, especialmente em São Paulo, Santos e Rio, e perdeu poucas. Era conhecido por alguns particulares: costumava quebrar garrafas no queixo, fazendo-o sem se cortar.
JACK MARIN matéria jornalística do "DIÁRIO" (em espanhol) artigo de 10 de Maio de 1929
Wademar Zumbano[1], que lutou em São Paulo a mesma época que “Jack”, afirmava que ele se apresentava “com técnica e franqueza, tão leal como firme”. No Brasil fez muitas lutas, especialmente em São Paulo, Santos e Rio, e perdeu poucas. Era conhecido por alguns particulares: costumava quebrar garrafas no queixo, fazendo-o sem se cortar.
Rua Amaro André, travessa da Rua Barão do Rio Branco, antiga Aurora, em Santo Amaro. Ao fundo vê-se o antigo "armazém" que resiste ao tempo, do senhor Nilo Placona Filho, conhecido por Lico Boeninha.
Vê-se a esquerda resquício da antiga Plásticos Dias-depois York - Terreno a venda para empreendimentos imobiliários.
A família de Joaquín
Marín y Umañes residia à Rua Amaro André, 149, uma
travessa da Rua Barão do Rio Branco, antiga Aurora, em Santo Amaro
próximo a Plásticos Dias, (depois York). Joaquín
Marín, na década de 1930 subiu aos rinques para defender a nobre arte, com o
nome de "Jack, O Terrible".
O próprio lutador confirmava ter
sido “um dos primeiros boxeadores da América Latina, tendo desenvolvido o
esporte nos Estados Unidos, aos 15 anos. Lutou até aos 30 anos, passando pelo
México, Argentina, Chile e Uruguai. Lembrava ter feito mais de 100 lutas e perdido
sempre que enfrentava “gente mais pesada”. (sua massa era de 66 quilos, estando
na classificação atual entre meio médio)
OS MAIORES CAMPEÕES PROFISSIONAIS APRESENTAVAM-SE AO MUNDO
Os contemporâneos de boxe lembram que “Jack” sempre gostou de manter-se “independente”, em relação a sua vida particular. (...)
Joaquín Marín preferia
recordar-se de fatos pitorescos de sua carreira. Conta que ainda pugilista foi
pedir em casamento a filha de conservadora família de imigrantes alemães de
Santo Amaro. Belmira Helfenstein, com quem se casou e tiveram os filhos: Maria do Carmo (conhecida por Zuca), Yvonne, Marina e José Maria. De início a sogra não
gostava de sua atividade no boxe, exigindo: “Trate de arrumar um emprego, pois
minha filha não come socos!”
Enquanto isso, a população de Santo Amaro ainda estava influenciada pelo desempenho do Padre José Maria Fernandes, (remanejado posteriormente para a Igreja de São José de Belém, em São Paulo) que juntamente com um comissão de homens beneméritos de Santo Amaro, entregaram a igreja Matriz reformada em 1924.
SANTO AMARO: Rua Pe. José Maria com Rua Barão do Rio Branco em 1960
O coronel Isaias Branco de Araujo, prefeito à época do Município de Santo Amaro, deu o nome do padre José Maria (pelos anais municipais esse padre é outro, com sobrenome Moura) a rua frontal ao frontispício da Igreja Matriz de Santo Amaro. Foi certamente pelo espírito religioso que Joaquín Marín e Belmira deram nome do padre ao filho nascido em 6 de maio de 1932.
Na década de 1920 era anunciadas
lutas no “Centro Pugilístico Manoel Lacerda Franco” · onde a emoção estava a
cargo de grandes pugilistas da época. Na noite de 24 de novembro de 1929 era cartaz
o confronto entre Caetano e Huber. Os árbitros mais cotados à época eram Amadeu
da Silveira Saraiva, pioneiro da aviação em São Paulo[2],
Armando Silva e Moacyr Barbosa Ferraz que estavam à frente dos grandes
espetáculos. Na mesma época se apresentava outros pugilistas em São Paulo:
Klausner, Haki, Ítalo, Bellini, Antonio Portugal, Zanini, Estevan, Buttori,
Peter Johnson.
ERA O AUGE DA "NOBRE ARTE" E APARECIAM AS ACADEMIAS DE PUGILISMO
Em 04 de Novembro de 1936 nascia a Federação Paulista de Boxe fundada, pelos Clubes Espéria, Palestra Itália (SE. Palmeiras), Associação Atlética Guarani, Clube de Regatas Tietê e São Paulo Boxing Clube que dava base aos pugilistas profissionais e amadores brasileiros disputarem títulos oficiais nacionais e internacionais.
Fontes:
Almanach Esportivo,
1929(com fotografias de Miguel Falletti, da "Gazeta")
"DIÁRIO" (em espanhol) artigo de 10 de Maio de 1929
Folha da Manhã, 25 de
novembro de 1929
O Estado de São Paulo, 01 de abril de 1922
O Estado de São Paulo,
14 de junho de 1981
Oliveira, Taciano de e Rosa, D. de Miranda : O
Pugilismo. Imprensa Methodista, S. Paulo, 1924.
Zumbano, Waldemar : O Box ao Alcance de Todos.
Editora Brasiliense Ltda., S. Paulo, 1951
H. Manteucci: Luzes do Ringue. Hemus, S.
Paulo, 1988.
PROJETO DE LEI Nº 101,
DE 2004: Dá o nome de "Professor Waldemar Zumbano"
à Sala da Secretaria dos Cursos do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz
Guimarães, no bairro do Ibirapuera, São Paulo.
Documentário
"Quebrando a Cara", de Ugo Georgetti , 1983.
Duarte, Orlando. A História dos Esportes. Editora Senac, SP, 2004.
[1] O
maior boxeador brasileiro de todos os tempos, Eder “Zumbano” Jofre, nasceu em
uma família de pugilistas: tanto por parte do pai, Kid Jofre (Aristides Pratt Jofre,
chegou ao Brasil em 1928, oriundo de Buenos Aires, Argentina ) como por parte
da mãe Angelina Zumbano, da família dos pugilistas Waldemar Zumbano, Ralph
Zumbano e Antonio Zumbano (Zumbanão) Waldemar
Zumbano foi técnico da equipe brasileira de boxe para os
Jogos Pan-Americanos de 63. O Ginásio do Pacaembu criado em
1940 “assistiu” lutas de brasileiros de nível internacional, como Atílio
Lofredo e Antônio Zumbano. Zumbanão foi o primeiro grande astro do boxe
brasileiro, ficando absoluto de 1936 a 1950, realizando cerca de 140 lutas, ganhando
muitas por nocaute.
[2]
Pioneiros da
Aviação Civil no Campo de Marte em São Paulo:
Sou descendente de Jack Marin, sua bisneta, e me emocionei ao ver um pouco da história de meu bisavô documentada, já que o que sabemos vem das passagens contadas pela minha avó, Zuca. Obrigada. Ana Lídia Guerra
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