terça-feira, 14 de junho de 2011

Pentecostes e as Festas Judaicas: Ensaio

Terra do Deserto e o Homem Deserto

A festa mor da cristandade é a Páscoa, a passagem gloriosa da morte para a vida pela ressurreição de Cristo que sabia todos os preceitos do povo de Israel, libertou deste modo o homem das amarras da escravidão física no corpo glorioso do Espírito em alusão ao momento desta passagem quando o povo hebreu sai da escravidão do Egito, lugar de bonanzas e riquezas de um dos mais poderosos impérios da antiguidade, atravessa o Mar Vermelho, a cor do sangue e fogo, em direção a uma promessa na esperança de ser acolhido em uma Nova Terra de liberdade.

Muito caminho teve de ser percorrido levantando acampamento ao longo de 40 anos. O povo do deserto, (em hebraico am-midbár) eram aqueles redimidos que deveriam passar dificuldades inerentes a jornada, por vezes rebelados contra Moisés e que precisavam ser forjados nas agruras para serem os portadores da liberdade através do caminho árduo da escravidão, do deserto até atingir o clímax da aproximação da liberdade física e, a mais importante, a espiritual. Disto foi feito o caminho sempre apoiado pelo Tabernáculo Móvel (Mishcan) onde o fogo sagrado do templo não poderia ser profanado por transgressores com um fogo estranho (éish zará). Seguindo essa Tenda do Pai (hebraico=Oholiab) compartilhava no caminho às tendas menores, o lar (Ohel) de cada família.

“Não oferecerei ao Senhor meu D’us, holocaustos que não me custem nada”. (II Samuel 24:21/ Crônicas 23:21)

Os caminhos devem ser escolhidos pelo homem para sua expiação:

O conceito de bode (hircus, hircino) expiatório esta ligado ao conceito de existir dois caminhos representados por dois bodes trazidos para serem sorteados, sendo um ao sacrifício em altar, imolado, denominado “doshém”, representando as coisas sustentadas pelas obras humanitárias e pelas obrigações coletivas em sentido de entrega. O outro animal era "azazél", que seria despachado para local deserto, no sentido de recolhimento, das coisas que se perdem pelo homem do aproveitamento de suas ações em esbanjamento e futilidades.

A Páscoa Judaica (Pessach, do hebraíco = passagem), ocorre em 14 de nisan quando ocorre o sacrifício do cordeiro, onde na véspera tem-se o Sêder de Pessach, refere-se ao jantar cerimonial judaico em que se recorda a história do Êxodo e a libertação do povo de Israel.

Pelo Concílio de Nicéia em 325 da era cristã, considerou-se:

“A Páscoa é o domingo (dominica dies / o dia do Senhor=Kýrios)   seguinte ao 14º dia da lua cheia, que atinge esse ponto no dia 21 de março (equinócio) ou logo depois”. De acordo com essa regra, a Páscoa pode então ocupar, conforme os anos, 35 posições diferentes, entre os dias 22 de março e 25 de abril

O mês de nisan (anteriormente chamado abibe nome do primeiro mês sagrado hebraico(Exodo 13.4) significa espigas verdes de trigo, ou frutas frescas, assim chamado por causa das espigas do trigo e da cevada) esta para o calendário gregoriano entre março e abril era no hemisfério norte época da primavera, o mês das espigas, dos grãos debulhados no ciclo das culturas, onde o povo judeu comemora no 14º dia a Páscoa e de 15 a 21 os pães sem fermento (Hag Há-Massot, A Festa dos Ázimos). Chag Matzot (festa dos pães ázimos) é o nome dado ao sete dias de comemoração após Pessach. Sete dias você comerá matzot, mas no primeiro dia manterá a levedura fora de sua casa; e nenhuma forma de trabalho será feita, exceto o trabalho para a alimentação.

Na tradição a festa de Pentecostes, em hebraico Shavuot, é comemorada no sexto dia do mês hebraico de sivan, quando Moisés recebe no monte Sinai as tábuas dos Dez Mandamentos, deixando se conduzir por estes preceitos de justiça.

Na época que corresponde ao calendário gregoriano dos meses de maio e junho temos a passagem no hemisfério norte da primavera ao verão, o mês de sivan, dos primeiros figos(figueira, importante simbologia com raízes firmes e ascendendo aos céus com seus frutos representando a fertilidade), neste mês esta o qüinquagésimo dia depois da páscoa(que representa a “Festa das Semanas”(em hebraico Shavuót) ou de Pentecostes (referência grega dos cinqüenta dias) de oferecimento a D’us daquilo que foi colhido no 50º dia(Sefirat Haômer, "contagem do meu tempo")

Em 16 de sivan há as Ofertas das Primícias, dos primeiros frutos, referida em Deuteronômio 26.10 “Eis que, agora, trago as primícias dos frutos da terra…”

“Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão fartamente os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares”. - Provérbios 3: 9-10.

Recebei o Espírito Santo, pregando como se fosse plantar, ceifar e ter a messe dos grãos e ofertar as primícias do Senhor  D’us, metáfora de como foi feito aos iniciadores a partir de Pentecostes:

“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam? Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus! Estavam, pois, todos atônitos e, sem saber o que pensar, perguntavam uns aos outros:
Que significam estas coisas?” (Atos dos Apóstolos, 2: 1-11)



Vide também: Festa do Divino Espírito Santo: A Festa das Semanas e Pentecostes

 


Bibliografia:

http://www.chabad.org.br/datas/pessach/guia/omer/sefirat.htm

http://www.visaojudaica.com.br

PAPUS. Trad. STAHEL, Mônica (Monteiro da Silva). A Cabala. São Paulo: Martins Fontes, 1988

ISAAC, Jules. Jesus e Israel. São Paulo: Editora Perspectiva, 1987

JERÔNIMO. Trad.SOARES, Pe Matos. Bíblia-Tradução da Vulgata. São Paulo: Ed. Paulinas, 1989

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