De repente nos vimos cercados de informações de suma importância da oralidade simples mais fiel ao acontecimento, dito por amigas ou familiares que aos poucos descortinava um saber adormecido no subconsciente. Fomos recebidos com o calor humano, adentrando em um dos muitos lares da Capela do Socorro, na Rua Lido, número 318, uma rua que sai da conhecida Ipanema, da Avenida Rio Bonito, completada pela Rua Olivia Guedes Penteado, antiga Rua Manoel Preto, a rua das boiadas e do campo de futebol do Bandeirante, hoje ocupado por galpão industrial, próximo do clube desportivo e recreativo dos funcionários do Serviço Federal de Processamento de Dados, Serpro, ou da casa antiga do seu Juvenal já “condenada” pelo progresso ou o templo japonês uma das primeiras construções locais.
Os nomes são propícios ao lugar, e Veleiros se avizinhava confundindo onde se inicia um e termina seus limites. Começamos timidamente com perguntas típicas do recolhimento histórico local, que dona Nair da Silva Petrovics, residente na Rua Lido desde a década de 60, anteriormente moravam próximos da Igreja Santa Rita, uma referência onde tudo era mata fechada e a rua era uma trilha. Seu irmão Virgílio comenta a família Luz, ou seu Angelim que entregava carne em seu Ford pela região. LARGO CAPELA DO SOCORRO EM 1936 E 2005 EM PONTOS DISTINTOS
Os filhos Marcel e Valdir participam dos debates orais recordando fatos da Avenida Atlântica, nome referência aos moradores antigos, reflexo do feito histórico acontecido da década de 20 e a primeira travessia do Atlântico, ou ainda as dificuldades da guerra e o racionamento do pão. Bate-se e rebate-se em acaloradas conclusões, do uso do trem da FEPASA que descia para a baixada santista, indo para Itanhaém, e que possuía sua estação sob a ponte da Capela do Socorro e os escassos ônibus que após o termino dos bondes a CMTC fazia seu ponto final na Rua Victor Manzini obrigando os moradores atravessar para a outra margem do Rio Pinheiros.
Animais "descansando" ao lado da "nova" ponte do Socorro 1964
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Os dois filhos completam as informações provenientes de uma mãe orgulhosa em declarar o passado do pai Carmelo Jacinto da Silva, que constituiu família com Mertila Luiza Sterchele da Silva, onde as recordações sobre um tropeiro lapidado pela lida do oficio com muares e cavalos de raça, coberto com capa de pelerine, uma espécie de estola de pele de animal, protegendo o corpo das intempéries e que serviu também na construção da estrada da Serra do Mar.
Da estirpe dos Sterchele temos declaração de dona Hilda Guimarães, que por muito tempo participou da organização com seu esposo Antonio Amir Sterchele, diretor social dos concorridos dos bailes da Brahma, obrigatório traje social dos cavalheiros e longos para as damas, em Santo Amaro na Rua João Alfredo, apoiado por Antonio Cordeiro Filho seu presidente.
No auge das declarações completa-se com as recordações do juiz de paz Mario Branco do cartório da Rua dos Italianos, hoje a Amaro Luz, ou do farmacêutico Jeremias, ainda na ativa, e a farmácia do senhor Wilson, que com o receituário do doutor Albecir medicava como clínico geral, na Rua Manoel Preto entre a Atlântica e a De Pinedo. Hoje o posto de gasolina dos “turcos” Aref e Joed, que antes abasteciam os poucos veículos locais estão sem as bombas e não possui a pompa de outrora dos Ford bigodes que acorriam para a barragem para usufruir das benesses da represa, nas escadas do paredão atrás do Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico.
De repente outro golpe na efêmera democracia fechou o local, pois os “revolucionários” consideraram o local área de segurança nacional, impedindo o lazer e atividades locais, cercando as margens, evitando o acesso. Aos poucos o local perdeu a característica de suas atividades, em campos de futebol onde a Usina despejava o óleo brilhante, engraxante, de tempos em tempos, já poluindo o local e dos passeios em barcos e do hidroavião Seabee. Deste modo aos poucos fecharam os restaurantes, o Bar do Peixe, da época que havia um criadouro natural e nas marinas as embarcações foram recolhidas. O Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, último resquício dos áureos tempos, foi retirado para apagar o passado!!!Da estirpe dos Sterchele temos declaração de dona Hilda Guimarães, que por muito tempo participou da organização com seu esposo Antonio Amir Sterchele, diretor social dos concorridos dos bailes da Brahma, obrigatório traje social dos cavalheiros e longos para as damas, em Santo Amaro na Rua João Alfredo, apoiado por Antonio Cordeiro Filho seu presidente.
No auge das declarações completa-se com as recordações do juiz de paz Mario Branco do cartório da Rua dos Italianos, hoje a Amaro Luz, ou do farmacêutico Jeremias, ainda na ativa, e a farmácia do senhor Wilson, que com o receituário do doutor Albecir medicava como clínico geral, na Rua Manoel Preto entre a Atlântica e a De Pinedo. Hoje o posto de gasolina dos “turcos” Aref e Joed, que antes abasteciam os poucos veículos locais estão sem as bombas e não possui a pompa de outrora dos Ford bigodes que acorriam para a barragem para usufruir das benesses da represa, nas escadas do paredão atrás do Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico.
Carlos Fatorelli,
ResponderEliminarPassei minha infância na Capela do Socorro.
Por conta de um trabalho, estava em busca "do que foi feito" da rua Manoel Preto, e eis que encontro seu blog, com preciosas informações da região, que me é tão cara na memória.
Obrigada!