quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Rolamentos Schaeffler do Brasil Ltda, em Santo Amaro-SP / "INA- Indústria de Rolamentos de Agulha"

Schaeffler uma empresa alemã na Segunda Guerra Mundial

A "Davistan Krimmer, Plüsch und Teppichfabriken AG" (Davistan Krimmer, Fábrica de Pelúcia e Tapetes) empresa que deu origem ao  Grupo Schaeffler foi fundada em Berlim  em 1850 com a razão social David & Co e sediada em Katscher, Alta Silésia, hoje Kietrz polonesa. A partir de 1907 iniciou sua própria produção como Davistan AG empresa alemã de pelúcia e tapetes.

A empresa pertencia ao empresário judeu Ernst Frank, que saiu da Alemanha a partir da formação do Estado nazista na década de 1930. A empresa estava endividada, conforme citou o
historiador Gregor Schöllgen[1], e os bancos credores procuraram em vão por um comprador durante três anos antes que o auditor Wilhelm Schaeffler agisse em outubro de 1940. Wilhelm Schaeffler tinha 31 anos na altura da aquisição da Davistan e, na sua função de "auditor operacional", era contratado pelo Dresdner Bank.  
Em setembro de 1942, ele mudou o nome da empresa para "Wilhelm Schaeffler AG". No final do ano, seu irmão mais novo, Georg entrou para a empresa para auxiliar na produção de dispositivos de lançamento para a Força Aérea alemã, bem como peças para veículos blindados, canhões de assalto e sistemas de lançamento para bombas de aeronaves. Rolamentos de agulha para correntes de tanque são adicionados posteriormente. Em meados de 1944, a empresa empregava 290 pessoas na produção de armamentos. Outros 476 trabalhavam em uma fábrica têxtil.
Após a guerra, os irmãos Wilhelm e Georg Schaeffler e Heinz Fritsch fundaram a "Fritsch & Schaeffler Agricultural Machinery Factory" em Schwarzenhammer, na região da Bavaria, Alemanha.

Desenvolvimento adicional da empresa

Depois da guerra, o segundo pilar do Grupo Schaeffler foi a produção de tapetes, o antigo negócio principal da Davistan AG. Na década de 1970, o Grupo Schaeffler era um dos maiores produtores de tapetes e carpetes da República Federal da Alemanha.

Schaeffler Technologies AG & Co. KG , também conhecido como Grupo Schaeffler tornou-se fabricante de rolamentos para automóveisaeronaves e máquinas industriais

Foi administrada em 1946 pelos irmãos Wilhelm Schaeffler (1908-1981) e Georg Schaeffler (1917-1996).

Desde 1948 sob o nome de "Industrie-Nadel-Lager" (INA- Indústria de Rolamentos de Agulha) tornou-se um grupo de operação global em décadas com o know-how na produção industrial de rolamentos de agulhas.

Em 1943, a produção de rolamentos de agulhas teve um início lento, para dar suporte a FAG (Fischer Automatische Gussstahlkugelfabrik) com sede em Schweinfurt, que foi contratada para fabricar rolamentos de agulhas para correntes blindadas de tanques na Segunda Guerra Mundial, mas estava sobrecarregada após a destruição de boa parte de suas instalações de produção por bombardeios. Deste modo a Schaeffler mudou sua empresa para a produção de armamentos. Para este propósito, uma KG (sociedade limitada) e uma AG (Aktiengesellschaft, abreviada como AG é uma sociedade por ações, sociedade anonima) foram criados. De acordo com um registro oficial, a Schaeffler KG deveria fabricar veículos blindados, armas de assalto e bombas para aviões essenciais para o esforço de guerra.

Em 1º de agosto de 1945, com o armistício, obviamente foi criada uma solução temporária e foi inaugurada uma “fábrica de máquinas agrícolas”. Além da parceria que ocorreu durante a guerra a Schaeffler KG também está envolvida neste GmbH[2].

 Em 1949, Georg Schaeffler agilizou a produção do rolamento de agulhas com gaiola. O produto já era utilizado, porém a novidade foi a redução dos níveis de torção e atrito, resultando em menos ruído, maior segurança e vida útil.

O desenvolvimento da gaiola de agulhas INA, ajudou a empresa a alcançar um avanço industrial fornecendo para o desenvolvimento tecnológico da engenharia mecânica industrial.

 Deste modo a sigla INA tornou-se sinônimo de superação:

 INA = "Immer Neue Aufgaben!"= "Sempre Novas Tarefas!"


Rolamentos Schaeffler do Brasil Ltda


Quando o grupo veio para o Brasil, em 1958, a indústria automobilística nacional estava na fase de implantação das indústrias automotivas. A empresa Rolamentos Schaeffler do Brasil Ltda, instalou-se em Santo Amaro, à Avenida Mário Lopes Leão, 700, em Santo Amaro, São Paulo.  

Os irmãos Wilhelm Schaeffler e Georg Schaeffler fundaram a Rolamentos Schaeffler do Brasil em agosto de 1958. Foi um momento propício para investimentos na área automobilística, pois grandes empresas deste ramo, como Volkswagen, Mercedes-Benz, DKW (Audi), General Motors e Ford já possuíam filiais no Brasil e os incentivos fiscais eram vantajosos sendo que algumas iniciavam a construção de suas fábricas para produzirem caminhões e automóveis.


A integração entre os funcionários no Brasil, era o modelo de participação integrada de vários setores da empresa e para isso foi criado o Grêmio Recreativo Rolamentos Schaeffler, onde as festas comemorativas e os campeonatos de futebol de salão eram concorridos.



 Mais duas empresas para o Grupo Schaeffler: FAG E LUK

 FAG ou “Fischer Automatische Gussstahlkugelfabrik”

Em 1883, Friedrich Fischer, fundador da FAG, idealizou uma retificadora de esferas de aço fundidas, patenteada por ele e usada até hoje.

Em 29 de julho de 1905 a marca FAG foi registrado com o escritório de patentes em Berlim, Alemanha. FAG é marca registrada é um acrônimo para " Fischer Automatische Gussstahlkugelfabrik", ou "Fischer Fábrica de Esfera de Aço Automática."

Com o aperfeiçoamento, a FAG investiu no desenvolvimento de rolamentos para outras aplicações assumindo a liderança nos segmentos industrial e aeroespacial.

A INA como um dos investidores da FAG , assumia definitivamente a empresa em 1999. Em 2002 a Schaeffler adquire a FAG Kugelfischer AG

 LuK ou “Lamellen und Kupplungsbau”

 A LuK, Lamellen und Kupplungsbau GmbH marcou a história da tecnologia industrial em 1965, com as embreagens “chapéu chinês”, também chamado de mola-diafragma, um sistema de mola-membrana na produção dos platôs, substituindo deste modo as molas helicoidais usadas anteriormente.

Com componentes importados da matriz, em Bühl (Alemanha), são montados em 1975 os primeiros platôs e discos de embreagens para o Passat, da Volkswagen.

Dois anos após a criação de sua razão social em 1972, a LuK do Brasil Embreagens, pertencente ao Grupo LuK, controlado pela Schaeffler, em associação com a Ferodo francesa, começou a operar até 1975, sendo transferida para Sorocaba, no interior paulista.

Em 1976 inicia-se a produção de embreagens duplas para tratores, das linhas Massey Ferguson e Valmet.

 O Grupo Schaeffler  reúne as marcas INA, FAG e LuK.

Em 2003 as empresas INA, FAG e LuK formam o Grupo Schaeffler que em 2011 tornou-se Schaeffler AG e Schaeffler Technologies AG & Co. KG

Uma nova empresa foi incorporada ao Grupo Schaeffler, denominada Ruville (Egon von Ruville GmbH). É uma empresa alemã líder na fabricação de peças para veículos no mercado internacional.  A marca faz parte da Schaeffler na Alemanha desde 2001. Os produtos da marca Ruville estão no mercado sul-americano, onde são comercializados pela Aftermarket Automotivo, Schaeffler América do Sul desde 2007.

A Schaeffler Automotive Aftermarket fornece peças de reposição das marcas LuK, INA, FAG e Ruville a oficinas de automóveis e o comércio.

Schaeffler hoje

O Grupo Schaeffler é um dos principais fornecedores integrados automotivos com componentes e sistemas de precisão em motores, transmissões e chassis, bem como soluções de rolamentos deslizantes para uma ampla gama de aplicações industriais.

 

 

 

 

 

Bibliografia:

Schaeffler Group: https://pt.wikipedia.org/wiki/Schaeffler_Group

https://www.schaeffler.com.br/content.schaeffler.com.br/pt/empresa/hist%C3%B3ria/index.jsp

https://de.wikipedia.org/wiki/Georg_Schaeffler

https://pt.qwe.wiki/wiki/Schaeffler_Group

https://second.wiki/wiki/davistan

https://www.sueddeutsche.de/wirtschaft/schaeffler-und-die-ns-zeit-haessliche-braune-flecken-1.483170

https://brasilalemanhanews.com.br/economia/empresas/schaeffler-lanca-marca-ruville-no-brasil/

*Imagens da empresa e/ou autor da crônica

[1] Gregor Schöllgen, Professor de História Moderna da Universidade de Erlangen-Nuremberg.

Wilhelm Schaeffler, assumiu uma empresa em 1940 cujos proprietários judeus haviam fugido da Alemanha anos antes dos governantes nazistas.
Wilhelm Schaeffler era auditor de um banco e tornou-se um empresário por acaso, e a "Davistan AG", como a empresa ficou sob a direção dos bancos desde o final de maio de 1934, tornando-se a pedra angular do que viria a ser a empresa INA, o coração do atual Grupo Schaeffler.

[2] Uma Gesellschaft mit beschränkter Haftung (GmbH) é um tipo de sociedade comercial muito comum na Alemanha (onde foi criada em 1892), na Áustria (adotada em 1906) e na Suíça. "Gesellschaft mit beschränkter Haftung", corresponde às sociedades limitadas (LTDAs)

sábado, 13 de novembro de 2021

Trololó Sem Pé nem Cabeça de Coisa Virulenta

NO LINGUAJÁ DA ROÇA (SEM PRECONCEITO)

Na bera do barcão, depois da roça
Dois cumpadre num trololó iniciado
Bem de mansinho
intendidos dos assunto do dia a dia
Fumando cada um pito depois do gole
começa uma conversação:
Bicho farso esse danado
Veio bem de mansinho
Dai todo mundo ficô doido
E foi uma correria
Pra arrumá a solução!!!
Mas que nada, diz o cumpanhero
o espertanhão
mudava toda hora
e ocê viu que começô uma briga
entre os sabichão de laboratório:
Isso cura um pocô
isso cura um pocô mais,
e foi se furando
uma veiz, duas veiz
e diserô na televisão:
acho que tá bão
tá não fura dinovo novamente
e pica lá e pica cá
e briga um, com outro um,
e ninguém intendi di nada
e mascareia todo mundo
e num sai di jeito manera
sinão ocê pode ser pego!!!
Um oto caipira irscutando essa conversa
de doido varrido intromete no assunto:
Disserô que agora tem remédio
Vendendo na farmácia
Uma outra invenção, outra droga,
é mais uma coisa contra o infeliz
mais laboratórios dispurtando
que dizem que dá muito dinheiro
esse negócio de pesquisa
e a barriga ronca cá farta de comida,
mais um gole, um aperitivo
eta esse é remédio muito dos bão:
A nossa saúde cumpade
mesmo que a cabeça fique maluca quece tar
que ninguém nunca vê,
vale sabe que dando pro santo um tiquinho
ele nem chega perto!!!
A gentaiada da vila tem muito medo,
reza toda hora:
Cruze credo, nos livre, amém!!!
Outro do lado observando o falatório,
diz que a coisa tá acarmando
até os médico já chegou na conclusão
os homem não caba com ele não
mas ele tá saindo fora
devagarinho vai tirando o time
porque deixou todo mundo apavorado,
muito mais do que o povão já era.
Me contarô lá armazém do seu Tinoco
que ele tá saindo do planeta,
pois já num guenta tanta falação
de faiz isso, faiz aquilo!
Agora pelo jeito dos entendido prozeando
coisa tá votando a acarmá
mas não se sabe bem o que ele era
e pelo jeito da coversera,
ele não foi vencido,
só deu um sustinho
nessa cambada da doideira
e tá de partida, só alertô:
“ou oceis muda de jeito
ou eu mato todo mundo doutra veiz”!!!
Comecei o falatório e pra finda digo:
Costumei fica mascarado
mesmo que esse invisiver vai embora
Já tô programando uma festança,
Rastá o pé até amanhã de manhã
nos dia de carnavá
pra festeja...cum máscara de fantasia!!!

domingo, 7 de novembro de 2021

O Parque Augusta Prefeito Bruno Covas dos antigos Colégio Des Oiseaux e Santa Mônica

Foi inaugurada em 6 de novembro de 2021 o Parque Augusta Prefeito Bruno Covas, situado onde antes existia os Colégios Des Oiseaux e Santa Mônica.

No Parque Augusta localizava-se o antigo Palacete Uchoa, de três luxuosos andares, onde se instalou o Colégio Des Oiseaux de 1907 a 1967, doado para a Prefeitura, mas passou à iniciativa privada em 1996 e da qual restou pequena edificação remanescente e portaria.


 O terreno fica perto da Praça Roosevelt entre as Ruas Augusta, Caio Prado e Marquês de Paranaguá e, desde 2008, já é uma área de utilidade pública.

 O terreno de aproximadamente 25 mil metros quadrados (1 alqueire) do Parque Augusta pertencia as construtoras Setin e Cyrela, e era estimado em 2015 em torno de $ 200 milhões de reais que foi repassado a prefeitura.

O investimento das construtoras na elaboração do parque foi da ordem de R$ 11 milhões com obras como a restauração da portaria e da edificação do antigo Colégio Des Oiseaux e terraplenagem que em troca poderão construir empreendimentos em outras áreas de São Paulo pela transferência de potencial construtivo, sendo a troca de áreas da zona central por outras na zona oeste de São Paulo.


 

Um depoimento do local

 As vezes achamos fragmentos arqueológicos da parte da história que aparecem do nada, pois o que você está procurando, está procurando você!

Encontrei dentro do Parque Augusta o sr. Laércio, que foi uns dos internos da Escola Santa Mônica localizado também no terreno do Des Oiseaux, mas destinados aos estudantes pobres, como relatou o amigo. As estruturas foram demolidas em 1974, sendo usado para estacionamento na região até ser oficialmente convertido em parque público.


 Segue foto do amigo Laércio, estudante do Santa Mônica, perto de um nicho pelo que tudo indica ser de uma santa no jardim do colégio, que foi preservado da demolição...a mangueira é “arte atual”...

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

A Nova Estação João Dias de trens da CPTM, na Vila Mandu, em Santo Amaro/SP

TUDO SE TRANSFORMA!

Onde aproximadamente existia uma estação (plataforma) antiga da  ferrovia Sorocabana, que descia para a baixada santista, litoral sul, sentido São Paulo/Estação Júlio Prestes a Itanháem /Peruíbe, hoje localiza-se, a menos de trezentos metros desse local, a nova Estação João Dias!




 LOCALIZAÇÃO DA PRIMEIRA ESTAÇÃO DE TREM “JOÃO DIAS/SEMP” - déc. 1950

Nova Estação João Dias

Foi inaugurada em 05 de novembro de 2021, a nova Estação João Dias integrante da Linha 9-Esmeralda (Osasco/Grajaú), da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, CPTM, (Osasco/Grajaú), construída pela economia privada, empresa Brookfield Properties, doada para o governo do Estado de São Paulo.

A estação João Dias situa-se na altura do nº 17.007 da Av. das Nações Unidas, entre as estações Granja Julieta e Santo Amaro.  A localização remete ao antigo lugar que se chamava Vila Mandu, na margem do Rio Pinheiros, denominada de Várzea de Baixo.

 A nova estação foi construída pela empresa Brookfield Properties, investidora e gestora global de ativos imobiliários, que investiu R$ 60 milhões de reais, situada em frente a um de seus principais empreendimentos imobiliários na capital, em área da antiga empresa de móveis de escritório Giroflex.

 O convênio foi assinado em 1 de março de 2019, entre a CPTM e a Brookfield, através de sua subsidiária Tegra, que “doou” os direitos sobre o terreno anexo à estação para implantação.

Necessário remanejar o ponto dos ônibus e integrando-os a CPTM!!!


Para melhorias futuras seria de bom alvitre integrar os ônibus conveniados à prefeitura juntamente com a CPTM, gerenciada pelo governo do Estado de São Paulo, inserindo um ponto dos coletivos próximo a esta nova estação, deslocando-o dos muros da antiga indústria SEMP-TOSHIBA para a entrada da Avenida Nações Unidas (Marginal)

FOTOS DA INAUGURAÇÃO:












 


Ref.

Estação de Evangelista de Souza, em São Paulo, fim da linha...Qual será o novo RUMO?

http://carlosfatorelli27013.blogspot.com/2020/02/estacao-de-evangelista-de-souza-em-sao.html

Southern São Paulo Railway Co

https://pt.wikipedia.org/wiki/Southern_S%C3%A3o_Paulo_Railway

PARADA PENHINHA 

http://www.estacoesferroviarias.com.br/p/penha.htm?fbclid=IwAR3MazPf2UhLBaASDGgEVKNnMdRT5uk9rgGski7phnPyZdbYMfEamN6wWYo


sexta-feira, 29 de outubro de 2021

A Metal Leve e outras Indústrias em Santo Amaro/SP: Uma Experiência de Vida!

Crônica publicada  anteriormente no antigo Site desativado “São Paulo Minha Cidade” em 05/01/2011

 

Temos sempre satisfação em ver que aqueles que estimamos, mesmo não os conhecendo, fazem com que nos inspiremos em descobrir mais sobre sua personalidade, em demonstração de admiração. Assim, é muito importante para o santamarense recordar o bibliográfico e empresário José Mindlin. Minha lembrança deste ilustre homem acadêmico está ligada à empresa Metal Leve, sendo ele um de seus fundadores, juntamente com as famílias Gleich, Lafer e Klabin, e que responde, na atualidade, pela razão social MAHLE Metal Leve S.A. de mudança definitiva para Itajubá, Minas Gerais. A empresa estava localizada à Rua Basílio Luz, nº. 535, sempre repleta de operários que buscavam colocações nesta conceituada indústria.

Trabalhei com várias empresas do ramo automotivo que desenvolviam pistões, blocos e cabeçotes de motores. Quando jovem, “recém-saído” das fileiras de formandos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SENAI, uma das empresas que mais atraia os interesses dos jovens recém-formados era a Metal Leve. Fui um dos que pleitearam estar entre as fileiras do quadro de colaboradores, pois possuía um campo vasto de aprendizagem apoiado por um afamado departamento técnico de desenvolvimento.

Eu havia iniciado minha carreira profissional na Eletromar, uma empresa de material elétrico que fabricou as primeiras luminárias de nome "pétalas" para iluminar as Avenidas Marginais, que, ainda hoje, são vistas em sua extensão. Esta empresa estava situada no final da Rua Amador Bueno, em Santo Amaro, depois adquirida pela Westinghouse. Vizinha a esta estava a INBEL S.A., que tinha como referência a fabricação de eletrônicos para armamento bélico, que abastecia os equipamentos da ENGESA, fabricante de tanques e lançadores de mísseis, e, por vezes, era visitada pelo exército. Na Rua Engenheiro Francisco Pitta Brito, nº. 138, estava localizada a Companhia Metalúrgica Prada que fabricava latas para alimentação. Neste mesmo circuito, estava a Hartmann-Braun, que produzia material de controle eletrônico, e na outra esquina, estava a empresa Laboratórios Lepetit, do Grupo Dow Chemical, que, após a desocupação, foi usado ainda pela Casa Cor Paulista, e, na atualidade, foi completamente demolido para dar espaço a prédios imobiliários. Na Rua Amador Bueno, havia ainda a Burroughs Eletrônica Ltda, de máquinas de escritório, tornando-se depois depósito de ponta de estoque da loja de departamentos Mappin, e também ocupado pela Natura, da área de cosméticos.

Nós, recém-formados, queríamos integrar nas melhores empresas de Santo Amaro, onde se incluía a Metal Leve, mas as contingências da vida fizeram-me enveredar para o campo siderúrgico. Havia feito testes na Metal Leve e também na Fornos Industriais Pyro Ltda, na Rua Amador Bueno, nº. 219, no local que anteriormente havia sido o galpão da Erwal, válvulas industriais, em frente a Amortex, de peças automotivas, e que hoje é o Poupa Tempo de Santo Amaro. Optei pela segunda empresa que havia oferecido alguns benefícios extras.

Eu havia saído do SENAI, onde fui "treinado para produzir", e, na mesma época, havia sido instituído o regime de exceção, com "pressa" de desenvolvimento a qualquer custo, com a implementação do PNDE (Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico), formavam-se homens de grande capacidade técnica e pouca formação intelectual, que pudesse influir nos destinos dos interesses do país. Nos murais estudantis os jovens eram procurados para completar o quadro de mão-de-obra especializada, sendo o nosso entusiasmo juvenil o único poder que possuíamos.

Como precisava dar complemento à minha vida estudantil e trabalhista à empresa a qual optei, estava nas proximidades do Largo Treze de Maio, onde fervilhava toda informação necessária aos jovens, ávidos de saber. Fiz o "vestibulinho" para ingressar em escola pública para complementação dos meus estudos, mas a Secretaria da Educação, à época representada pela digníssima professora Esther de Figueiredo Ferraz, irmã do prefeito de São Paulo, decretou que jovens acima dos 18 anos não poderiam cursar o ensino gratuito do Estado. Mesmo assim insisti e fiz os exames seletivos, sendo obrigado a entrar com "mandato de segurança" para exercer o direito em concluir o ensino médio no Colégio Melvin Jones, na Avenida de Pinedo, na Capela do Socorro, onde estudei no período noturno.

Santo Amaro, dentro deste perímetro, era um dos maiores pólos industriais existentes, como outros tantos bairros tiveram este mesmo privilégio, citando o Brás, Mooca, Lapa, que também possuía um pólo industrial fortíssimo, sendo o reflexo da industrialização de São Paulo, uma gama de empresas que fariam inveja a qualquer pólo industrial de várias localidades, e que depois se deslocou para a região do ABC. Possuía um vasto campo de indústrias em todos os setores imagináveis, desde Avon Cosméticos, que foi instalada primeiramente na Avenida João Dias, onde depois se tornou cursinho estudantil, mudando-se posteriormente para Avenida Interlagos, nº. 4300. Outras, também na mesma avenida, foram pioneiras, e, um destes marcos, sem dúvida, foi representado pela SEMP, fixada na região desde 1942, tornando-se satélite da multinacional Toshiba, e prestes a sair de Santo Amaro, em direção ao interior paulista. A SEMP rivalizou, por muito tempo, pelo mercado de televisores com a Sharp, localizada na Estrada do Campo Limpo, também na região de Santo Amaro.

Do lado oposto da Avenida João Dias, havia a antiga Hoover, onde o galpão alojou mais tarde a Pial Legrand, do ramo elétrico, e onde muitos técnicos do setor recebiam certificação para utilização de seus produtos. Depois se instalou próximo ao Laboratório Squibb, a empresa Filtrona, mudando depois para a Avenida Guarapiranga. Havia também na Avenida João Dias, a Requipe, guincho em geral para transporte de grandes equipamentos, da família Grassmann, hoje estacionamento de veículos.

A Kodak adquiriu, na Avenida João Dias, na Praça Adão Helfenstein, a empresa fabricante de material fotográfico, a única na América Latina a fabricar papel especial para o ramo de fotografia no período da segunda guerra, com conhecimentos de um alemão erradicado na região e que foi também idealizador do que se tornou mais tarde Fundação Conrado Wessel, depois mudando-se para São Jose dos Campos e por um bom tempo se tornou a Faculdade Radial.

Na Avenida Nações Unidas concentravam-se um número considerável de empresas multinacionais e algumas "teimosas" empresas nacionais, para facilitar as saídas rodoviárias pelo fluxo das Marginais dos Rios Pinheiros e Tietê, acesso às Vias Dutra, Castelo Branco, Fernão Dias, e, mais tarde, pela Airton Senna, uma rodovia mais recente.
Indo para a região de Interlagos, tínhamos uma gama de grandes indústrias, como a Brasimet, de tratamento térmico, e a Brasinter, de buchas industriais "sinterizadas", pó prensado em alta temperatura de alta resistência mecânica. Mais à frente, encontrávamos com a potente Caterpillar americana, do ramo de escavadeiras, terraplenagem, ladeada pela MWM Motores Diesel, que abastecia o mercado interno com motores de caminhões e ônibus da Mercedes Benz do Brasil, onde a empresa Sofunge, onde trabalhei na Vila Anastácio, que enviava, por exemplo, o bloco e cabeçote do caminhão MB 608, e o mesmo era todo montado em menos de sete minutos, pronto para montar no chassi, e usar no mercado interno ou exportá-lo, situada nas proximidades da multinacional Sandvik do Brasil de produção de ferramentas de corte standard de aços nobres, e ainda mais a frente estava a empresa alemã de rolamentos FAG tendo como concorrente a Ina-Schaeffler, nas proximidades do SENAI Ari Torres. Do lado oposto estava a Hister Empilhadeiras e a empresa francesa Telemecanique e, próximo à transversal da Avenida Interlagos, estavam grandes empresas como a Villares, que abastecia o mercado com equipamento siderúrgico, e a Atlas Elevadores, e, do lado oposto, situava-se também uma área física onde havia deposito de material radioativo e que falavam pertencer a Nuclebras.

O Brasil aparecia no nome estampado no logotipo, praxe de muitas indústrias multinacionais. Muitas outras empresas sustentavam a produção das maiores, que, por sua vez, eram suportes das pequenas indústrias locais, em que muitas eram intituladas de "bocas de porco", o que hoje seriam as microempresas

Muitas destas citadas foram os sustentáculos do Parque Industrial de Santo Amaro: a Atlas Copco, nas proximidades da Ponte do Socorro, fabricante de compressores para ar comprimido, além da Albarus Sistemas Hidráulico e Transmissões Industriais, que se localizava na Avenida De Pinedo, nº. 478, em frente à antiga Rua dos Italianos, depois alterada para Rua Amaro Luz, onde se situava a Positron Eaton, incorporada mais tarde pela Brown-Boveri; hoje o galpão é ocupado pela Unilever.

Mais à frente, na Rua dos Inocentes, havia uma pequena empresa de linha de fusão de zamak para peças de fogão, e das primeiras fichas telefônicas, de nome FONTAMAC que concorria, com as devidas proporções, com a Magal, a poderosa do ramo de carburadores automotivos, na Chácara Santo Antônio, na Rua Américo Brasiliense, próximo a Seecil Ringsdorff, fabricantes de escovas de carvão para motores.

No sentido oposto da Avenida Guarapiranga estava à empresa de alimentação Kellogg’s, que fabricava salgadinhos, uma "novidade" para muitos, pois o país vendia quase tudo a granel. Não havia distância de um quilômetro que não houvesse uma indústria Sintaryc na região, de cerâmicas. Pelo caminho, deparávamos com a Bera do ramo de fundidos de ligas de baixa densidade; depois, mais adiante, a Monark, outra empresa que absorvia boa parte do contingente de trabalhadores, no ramo de bicicletas concorrente da não menos famosa Caloi, na Avenida Guido Caloi, nº. 1331.

Fazemos uma ressalva: pena que a ciclovia na Margem do Rio Pinheiros, chegou ao final da primeira década do século XXI, quando as empresas foram embora de Santo Amaro; mas o que hoje parece ser um grande atrativo aos ciclistas, foi por muito tempo a "primeira estrada ciclística de trabalhadores" que alimentava a mão-de-obra de muitas empresas que margeavam o Rio Pinheiros; a "novidade atual" não é tanto como foi alardeada na mídia, pois foi a ciclovia dos trabalhadores locais, onde a bicicleta foi o meio de transporte mais utilizado, logicamente não com a estrutura da atualidade.

Lembro que meu pai trabalhava nas imediações da Avenida Paulista e pedalava todos os dias pela "Margem do Rio Pinheiros", anteriormente às Marginais, inexistentes à época, e nos seus apetrechos havia o "Michelin", para remendo das câmeras de ar dos pneus, chaves de todos os tipos, e uma capa de plástico para chuva, e umas presilhas colocadas nas pernas para evitar que as calças "lambuzassem" de graxa ou que as calças prendessem na corrente.

Ao seu lado, até certa distância era acompanhado pelo seu amigo Abel Costa que trabalhava na Chácara Santo Antonio na Canco, fabricante, como a citada Prada, de latas de óleo em chapas de folha-de-flandres, que depois foi incorporada pela Rheem Metalúrgica S.A., que fez parte das "grandes fabricantes de latas de aço do País", juntamente com a Metalúrgica Matarazzo.

Muitas indústrias estavam nesse pólo industrial e que fazia parte deste universo fabril, como a Alfa Laval, fabricante de equipamentos alimentícios, como centrifugas de sucos e equipamentos para empresas de laticínios. A Bayer, outra força do setor farmacêutico alemão dos mais poderosos do mundo e que por muito tempo rivalizou com a Squibb Brasil, que ultimamente passou ao controle do Laboratório Prodotti e boa parte de sua estrutura já foi demolida. No ápice da produção farmacêutica houve a implantação da Ciba que, muito tempo depois, com associação empresarial, tornou-se Ciba-Geigy Química, ainda um marco na Avenida Santo Amaro, onde minha tia Odete trabalhava no controle de medicamentos, e onde em frente havia o "Juizado de Menores", hoje área a ser demolida para dar passagem a linha 5 do metrô, que ligará a Chácara Klabin ao Largo Treze, em Santo Amaro, onde haverá um pátio das composições.

A fábrica de Baterias Durex era vizinha da Kibon, liderança em picolés que fizeram a alegria de muitos, e da palha de aço Bombril, que ocupava um "bom lugar" de indústrias na região do Brooklin, além de também haver uma das mais afamadas no ramo alimentício, a Lacta, da família de Ademar de Barros, interventor e governador do Estado de São Paulo, além da Micronal, aparelhos especiais, e Lier, do ramo de instrumentação na Rua São Sebastião, e a Arbame representava a indústria de materiais elétricos.

A mais emblemática de todas na região do Brooklin, foi a empresa Orquima, em plena Avenida Santo Amaro, que tentava desenvolver-se como uma indústria na fabricação de compostos e produtos utilizados em indústrias de alta-tecnologia das indústrias nucleares, que hoje possui lixo radioativo na confluência da Avenida Interlagos com Avenida Nações Unidas, sem solução para os resíduos.

Muitas se mudaram para o interior bem antes da crise dos anos 80, como as de Fundição Eletro Alloy, que, devido à implantação do Centro Empresarial de São Paulo ser implantado na região, tiveram as instalações desativadas, restando ainda, na Avenida Maria Coelho Aguiar, o que foi um dia o setor de recursos humanos. As pioneiras do setor plástico pertenciam aos santamarenses de costado da família Dias, com o nome de Plásticos York, que ainda possui a área física como antes entre as Avenida Rio Branco e Tenente Cel. Carlos Silva Araújo. Sem contar a falência de uma das empresas deslocadas após o Rio Pinheiros que foi a Pirâmides Brasília S/A, ou simplesmente Piraspuma, que, por muito tempo, teve seu clube nas imediações da Avenida João Dias, e produzia matéria-prima para colchões e plástico, época do auge dos produtos plásticos, e que hoje é representada prela Lalekla Dixie, na Avenida Guido Caloi. Sem contar a que fabricava lâminas plásticas como a Plavinil, próxima à Fieltex, tecelagem com fibras sintéticas, que se localizava na Avenida das Nações Unidas, 20177, ambas prestes a serem incorporadas pelo setor imobiliário que amplia seus interesses nestes antigos galpões.

A Walita teve papel de desenvolvimento na região, e estava localizada na Rua Professor Campos de Oliveira, nº. 605, em Santo Amaro. A Q'Refresco, na Ponte do Socorro, foi demolida atualmente para dar espaço ao setor imobiliário, já que ficava na saída da ponte para a Marginal do Rio Pinheiros.

Horasa estava situada na Rua Isabel Schmidt, onde se fabricava os cucos em madeira maciça, e, mais tarde, com o advento tardio da produção automobilística, começou a abastecer as indústrias montadoras de automóveis com componentes dos painéis; hoje acolhe as instalações da Faculdade Unisa, assim como os tacógrafos VDO, controladores de velocidade usado muito em ônibus e caminhões, atualmente sede de subprefeitura municipal na Avenida Guarapiranga.

Outra empresa que aos poucos foi sendo incorporada pelas multinacionais do setor automotivo em motores de arranque e alternadores foi a empresa WAPSA, que completou os interesses deste setor pela empresa alemã Bosch, e atualmente é um galpão que podemos denominar de "elefante branco", alguma coisa gigante, mas de lentidão de uso para função de utilidade, que irá futuramente ser demolido como tantos, inclusive seu vizinho fabricante de móveis de escritório, a Giroflex, que mudou-se para o Taboão da Serra, incentivada pelos subsídios fiscais da localidade.

Próximo destas estava a empresa Forin Comercial, que fornecia, para equipamentos para uso industrial, peças e acessórios, localizada na Rua Bragança Paulista, próximo ao Tom Brasil, hoje casa de eventos HSBC.

A Phillips, na década de 70, construiu seu centro de controle no meio do mato, após o Rio Pinheiros, que custou muito a ousadia sendo demitida a gerência pela multinacional holandesa. Hoje o local está entre os prédios dos empreendimentos do Panamby, área considerada nobre para o setor imobiliário. Seu "escritório base" era dirigido pela instituição na Alexandre Dumas, nº. 2100, próximo ao primeiro Carrefour fundado no Brasil, na Chácara Santo Antonio, que forneceu a estrutura financeira para os demais.

Não se pode esquecer-se de citar que havia na Avenida Sabará a empresa Silvanya Brasil Iluminação, e, também, a Empresa Mello Máquinas e Equipamentos, na Avenida Nossa Senhora do Sabará, 1822, fabricante de máquinas afiadoras e retificadoras de ferramentas.

Hoje, se discute nas câmaras representativas do governo, a possibilidade de passar para 40 horas trabalhadas, coisa impensável quando da industrialização tardia iniciado na década de 30, explodindo sua expansão na década de 50 e culminando com pólos de indústrias de base da década de 70. Era um burburinho de pessoas com grande circulação para cima e para baixo e o ápice da produção elevava salários ofertados para a classe operária, melhorava a condição de aquisição de bens, estes mesmos bens que se produziam nas fábricas. Vieram às crises mundiais e, de repente, as grandes empresas se tornavam automatizadas, sem necessitar de uma quantidade elevada de operários. Deste modo, muitos que, nos tempos áureos, deveriam ter se especializado em outros campos, aprimorando seus níveis de conhecimento, não fizeram.

Pela pressa em adaptar o homem à máquina, fazendo o trabalhador mero apertador de botões verde e vermelho, do liga-desliga, já não era necessário este tipo de operador, pois as máquinas estavam produzindo sozinhas com seus robôs automatizados. Outra agravante eram as constantes paralisações incentivadas por controladores de massa, onde se obrigou uma descentralização de empresas para outras praças do interior paulista e até em outros estados. Os dejetos daquela industrialização a todo custo foram lançados in natura na fossa que se tornou o Rio Pinheiros, e a massa proletária não acompanhou o desenvolvimento, ou melhor, não quiseram dividir o crescimento do bolo.

As indústrias foram embora e deixaram um contingente de mão-de-obra obsoleta para o modelo atual; não reciclaram a capacidade produtora humana, onde o proletário continuou com o mesmo modelo reprodutor.

As estruturas hoje são outras, a disputa acirrada pelo mercado de trabalho, exige, além de qualificação, poder de conhecimento, através dos livros, que José Mindlin, da Metal Leve, tanto amou e ofertou a USP e ao deleite de quem os, porventura, quiserem ler.

Pode haver outras tantas indústrias que foram omitidas, não por serem menos importantes, mas por estarem em outro núcleo, em outro espaço industrial, foram também tão ou mais importantes na vida de cada operário que se entregou de corpo e alma acreditando poder melhorar cada dia mais, no incentivo às demais gerações, proles destes incansáveis trabalhadores, que contribuíram para um estágio maior de fartura para o desenvolvimento do Brasil em busca de sua liberdade social!

Depois de muito tempo fazendo parte dessa industrialização, Santo Amaro possui hoje uma nova fase, novo ciclo, e se não está completamente desindustrializada, não há retorno no movimento histórico, mas uma transformação de interesses no crescimento e expansão da Cidade de São Paulo.

Muitas outras participaram deste processo e sucumbiram a nova ordem econômica da globalização, mas fizeram seu papel da expansão das indústrias de São Paulo.

 

OBSERVAÇÃO:

 Outras experiências podem ser relatadas, não há esquecimento de uma ou outra empresa, apenas foi aqui descritas aquelas que marcaram uma experiência de vida!!!