INDÚSTRIAS NO PERIODO JK
- “Plano de Metas”
Juscelino além de
fixar-se no “Plano de Metas” se
fixou no binômio "Energia e Transporte", que ele considerava
essencial. Ele teve a habilidade de se concentrar no enfoque de alguns pontos
que considerava possível realizar. Fala muito, por exemplo, sobre a necessidade
de se criar no Brasil uma indústria automobilística. Na realidade não era esse
seu objetivo real. O que ele estava querendo com isso era criar um mercado para
sua indústria de aço.
A indústria
automobilística tinha um apelo popular, pois os veículos eram importados e a
reposição de peças era dificílima. Era um complemento para a própria indústria
siderúrgica, alterando as características de implantação complementar, a
instalação de uma “indústria de base” e ligado ao problema de transporte, da
construção de estradas. Ele enfatizava constantemente o fato de que o Brasil
tinha um mínimo de quilômetros pavimentados. Havia o problema da construção de
estradas e da construção de veículos para circularem. Os projetos do passado de
escoar produção por ferrovias foram esquecidos e infelizmente destruídos. (pensam retomá-lo atualmente!)
INDUSTRIALIZAÇÃO
DÉCADA DE 50
Expor
a política econômica da época conturbada da década de 50, com governos
populistas, mas que representava a fragilidade das instituições democráticas
controladas por instruções como a nº 108 da Superintendência da Moeda e
Comércio-SUMOC, idealizada
por Eugênio Gudin Filho - instrumento para a
nacionalização dos bancos estrangeiros e dando respaldo ao Banco do Brasil de
recolher, sem juros, 50% dos depósitos dos bancos particulares para dar
sustentação a produção agrícola brasileira. Pelo mundo refletia os interesses
dos blocos orientadores das economias, onde a Europa estava ainda sendo
reestruturada do pós-guerra, havendo de um lado dois vencedores distintos com
ideologias diferentes: um no ocidente, Estados Unidos outro no oriente a União
das Republicas Socialistas Soviéticas, cada um com seus interesses
internacionais. Do outro lado estavam as repúblicas frágeis fornecedoras de
matéria prima que davam sustentação as prevenções dos grupos potentados. A
América Latina dava impressão de serem livres das grandes pretensões dos
interesses mundiais. O Brasil implantava seu tímido parque industrial e
recorria a empréstimos externos, requerendo 300 milhões de dólares com negação
por parte do Fundo Monetário Internacional-FMI-e
já apoiado por interesses americanos era fabricado os motores que
proporcionaria o inicio da industrialização.
Passando pela década de 40, vamos nos deparar com o esforço de guerra os
Estados Unidos e o Brasil,em 1947, alinha-se com o Tratado de Assistência
Recíproca,ou,Pacto do Rio de Janeiro.
Necessitando intensificar a produção dos motores de aviação
Wright-Whirlwind ergue em solo brasileiro a Fabrica Nacional de Motores, depois
da guerra, para transporte com motores FNM
.
Com uma frágil economia agrícola com a monocultura do café que já dava sinais
de enfraquecimento uma nova realidade estava sendo implantada e São Paulo
estava no circulo desta nova realidade.Um acordo militar foi assinado com os
Estados Unidos ,em 1952, para fornecimento de matérias primas essenciais a
industria bélica nuclear americana. Em 1953 por medidas do governo brasileiro
proibiu-se a importação de automóveis, e três anos depois era fabricado
pela DKW industria alemã, com 54% de peças
brasileiras.Na década de 50 foi trágica para o poder com interesses escusos que
não da nação, com o governo Vargas desacreditado e pressionado culmina com o
suicídio de Getúlio Vargas que será completado por Café Filho.Toda esta mazela
política será superada e busca-se o fortalecimento das instituições
democráticas que infelizmente por via de regra no Brasil deve possuir respaldo
militar e que dará apoio ao governo escolhido nas urnas por vontade popular
assume
o governo de Juscelino Kubitschek
de Oliveira.
Implantou-se projeto para o
centro oeste da nova capital política, Brasília e incentivando a indústria automobilística.
Havia o consenso de abrir o mercado para grandes empresas europeias e
norte-americanas para virem a se estabelecer no Brasil no ramo de autopeças, e
que o Estado brasileiro criaria as condições básicas para que fosse
concretizada.
Em 21 de dezembro de 1955 na presença de representantes do setor
industrial nacional fez o vazamento do metal que constituiria o primeiro motor
diesel do Brasil, que equipou o caminhão da Mercedes Benz L-312, a Sociedade Técnica de
Fundições Gerais SOFUNGE, considerada “a fabrica de fábricas” em 1942, iniciando
a fabricação de rodas para vagões ferroviários,expandindo a metalurgia.
Outra
empresa que foi um marco na fabricação de peças no ramo automotivo
foi a Metal Leve, instalada em
Santo Amaro no início de 1950, foi constituída para
fabricação de peças de reposição para o mercado doméstico. Superado o período inicial
de efetivação da máquina burocrática, o governo JK começou a pôr em marcha seus
planos de desenvolvimento econômico; após a fabricação, em 1955, da
Romi-Isetta, primeiro veículo automotor genuinamente fabricado no Brasil, nesse
ano de 1956 a
produção da Rural Willys, uma perua utilitária de gloriosa memória, foi o
pontapé inicial para a entrada dos gigantes estrangeiros do setor, surgindo,
também a Vemaguet, fabricado pela DKW-Vemag. Sobre essa questão, Juscelino,
mais tarde, chegou a dizer:
“A atividade do governo no
setor automobilístico não tardou a repercutir no exterior, dando origem a uma
verdadeira aluvião de pedidos de informações. Eram empréstimos franceses,
alemães e ingleses que se movimentavam (...). Fui surpreendido, em meados de
junho de 1956, pela visita do Sr. E. Riley, diretor da General Motors (...). O
industrial americano viera ao Brasil com o objetivo de estudar a possibilidade
de instalação, em São José
dos Campos, no Estado de São Paulo, de uma fábrica (...). A empresa se propunha
a empregar (...) equipamento no valor de 10 milhões de dólares.”
Em
paralelo, o governo dava início a um processo de consolidação da indústria
nacional de autopeças; exatamente como no caso da indústria automobilística,
não se pôde contar com o tão esperado capital americano, àquela altura
direcionada para o Japão e à Europa, o que abriu as portas do mercado
brasileiro ao capital europeu, que via o mercado latino-americano como mais do
que promissor, como uma mina de ouro.
Muito ajudou a nova administração a famosa
Instrução 113 da SUMOC, que permitia importações sem cobertura cambial, ao
mesmo tempo em que o capital estrangeiro se via beneficiado com as imensas
facilidades de remessa de rendimentos para suas matrizes nos seus países de
origem.
O governo federal incentivando a expansão das rodovias dava ênfase aos
veículos automotores, e a indústria automobilística recebia os recursos
oferecidos para sua expansão.
Pequenas oficinas de sustentação dessas empresas que necessitavam de um
abastecimento complementar para manufatura de peças foram implantadas com
alguns benefícios aos promissores industriais. Muitas hábeis artesãos criaram
suas pequenas oficinas, que foram pejorativamente denominadas “bocas de porco”
por não possuírem a infra-estrutura empresarial mas que foram aos poucos
demonstrando seu valor de suporte para as recém criadas industrias de base
automotiva. Foram estas estruturas que deram a ilusão de desenvolvimento do
Brasil.
METAL LEVE – PISTÕES AUTOMOTIVOS
CACEX-CARTEIRA DO COMERCIO EXTERIOR do BANCO do BRASIL S.A.
Em 1951 Ernst
Mahle se estabelece no Brasil e torna-se sócio fundador da empresa Metal Leve
transformou-se em um modelo empresarial que conseguiu se destacar em um mercado
altamente competitivo, concentrando esforços em tecnologia da qualidade e na
formação de recursos humanos, contando com a participação real e efetiva de uma
estrutura sólida parceria e fornecendo tecnologia para o início das atividades.
Os primeiros pistões eram fabricados de ferro e utilizados em motores de
combustão interna para automóveis. Os irmãos Mahle continuam a desenvolver
pistões de liga leve na sua pequena e recém-fundada empresa. Apesar das
dificuldades técnicas e concorrência com os pistões de ferro, nunca desistiram
e para eliminar a fuligem e sujeira, desenvolveram filtros do ar e óleo. Sua
perseverança prevaleceu, e a conquista dos pistões de liga leve iniciava-se.
JOSÉ EPHIM MINDLIN
Mindlin formado
em direito durante o Estado Novo, defendeu imigrantes europeus que tentavam
ingressar no Brasil, fugindo da Segunda Guerra, mas tinham sua entrada negada
pelo governo de Getulio Vargas. Em 1950, alguns clientes o procuraram para
redigir um contrato de sociedade com a fabricante alemã de pistões automotivos,
a Mahle. Juntou-se a outros quatro empreendedores e fundou a Metal Leve, nome
escolhido em homenagem ao alumínio, matéria-prima do produto. Começou com 50
funcionários. Não demorou até que Juscelino Kubitschek chegasse à Presidência
e, na esteira do desenvolvimento da indústria automobilística, a Metal Leve se
tornasse uma potência no setor de autopeças e que daria suporte ao
empreendimento automotivo do Brasil. ·.
Quando o governo
brasileiro começou sua expansão em autopeças, no período de Juscelino
Kubitschek, a Metal Leve obteve através de Horácio Lafer as concessões
necessárias para manter a segurança que o país não faria importações de
cilindros de liga leve, no caso o alumínio, pois já era realidade seu
desenvolvimento no país.
A CACEX
emitia licenças de importação quem as solicitassem e provasse dispor de divisas
postas à venda pelo Banco do Brasil, em pregão público, além de estabelecer
sobretaxas de câmbio e, com o produto de sua arrecadação, pagar bonificação ao
exportador.
As divisas para importar só eram liberadas após
exame, caso a caso, dos pedidos de importação. Esses estudos eram feitos por
dois órgãos do Banco do Brasil: a Carteira de Exportação e Importação (Cexim) e
a Fiscalização Bancária (Fiban). Esse sistema acabou se constituindo em um
instrumento de proteção industrial e foi, em síntese, a política praticada por
Vargas até 1952, quando o desequilíbrio no balanço de pagamentos se agravou.
Frente a isso, em janeiro de 1953 o governo, a exemplo de outros países,
estabeleceu o mercado livre de câmbio, ou lei do câmbio livre, criando taxas
distintas para certas importações e exportações. Em decorrência, sobreveio uma
desvalorização do cruzeiro em relação ao dólar e, portanto, um encarecimento
das importações e uma melhoria para as exportações. Em meados de 1953,
Horácio Lafer e Ricardo Jafet foram substituídos
no Ministério da Fazenda e no Banco do Brasil, respectivamente, por
Oswaldo Aranha e Marcos de Sousa Dantas. Ambos
tinham como meta, novamente, aplicar medidas antiinflacionárias e controlar o
déficit público. Mais do que isso, em outubro de 1953, ao anunciar o Plano
Aranha, o ministro da Fazenda propôs a subordinação do Banco do Brasil ao
Ministério da Fazenda a fim de evitar conflitos como os que haviam ocorrido
entre o ex-ministro da Fazenda, Horácio Lafer, e o ex-presidente do Brasil,
Ricardo Jafet, e que haviam criado complicadores para a estabilização fiscal. Não
havia ainda o Banco Central, só criado em dezembro de 1964, e que a política
monetária ficava sob a responsabilidade de subunidades do Banco do Brasil.
Nos anos 50, Celso
Furtado esteve envolvido nos absorventes debates na primeira fase da criação da
CEPAL, especialmente nos debates de preparação para as conferências da ONU
sobre desenvolvimento. Posteriormente, entre 1953 e 1954, participou do Grupo
Misto CEPAL-BNDE, cujos resultados ajudariam na elaboração do Plano de Metas -
primeira experiência de planejamento estatal no Brasil. Em 1957, Celso Furtado
vai estudar na Inglaterra, Cambridge. De volta ao Brasil, em 1958, Celso
Furtado assume uma das diretorias do BNDE, com trabalho exclusivamente voltado
para o Nordeste. É no BNDE que Furtado recebe o convite de JK para coordenar os
trabalhos de criação da SUDENE, questão que nos dedicaremos mais à frente. (in C O N
C E I T O S, Julho de 2004 I Julho
de 2005 p.19)
Revista PN-semanal,ano XXI,Nº 473,10 de abril de 1961
Eugênio Gudin Filho (Rio de Janeiro,
12 de julho de 1886
- Rio de Janeiro, 1986) foi ministro da Fazenda entre setembro de 1954
e abril de 1955,
durante o governo de Café Filho.
Em 1944, o então ministro da Educação, Gustavo Capanema, designou Gudin para
redigir o Projeto de Lei
que institucionalizou o curso de Economia no Brasil. Nesse mesmo ano, foi escolhido delegado
brasileiro na Conferência
Monetária Internacional, em Bretton Woods, nos Estados Unidos, que decidiu pela criação do
Fundo
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird)Durante os sete meses
em que foi ministro da Fazenda (1954-1955), promoveu uma política de
estabilização econômica baseada no corte das despesas públicas e na contenção da
expansão monetária e do crédito, o que provocou a crise de setores da
indústria. Sua passagem pela pasta foi marcada, ainda, pelo decreto da
Instrução 113, da Superintendência
da Moeda e do Crédito (Sumoc), que facilitava os investimentos
estrangeiros no país, e que seria largamente utilizada no governo de Juscelino
Kubitscheck. Foi por determinação sua também que o imposto de renda sobre os salários passou a
ser descontado na fonte.
LUIZ
VILLARES - As Indústrias Villares
produziam aço, elevadores, guindastes, motores e turbinas para usinas
hidrelétricas. O grupo trouxe ao País as primeiras escadas rolantes, o trólebus
e a garagem automática. A maioria das empresas fechou ou foi vendida na última
década.
JOSÉ MINDLIN - Ele fundou a Metal Leve com quatro sócios e virou
uma potência nos anos JK com a expansão da indústria automobilística. Os
problemas surgiram com a abertura na década de 90. Mindlin e os sócios venderam
a empresa e ele se voltou para sua grande paixão, os livros.
ABRAHAM KASINSKI - Outra vítima da abertura. A Cofap de Kasinski foi a
maior indústria de autopeças do Brasil. No auge, tinha 18 mil funcionários e
exportava seus produtos para 97 países. Kasinski brigou com os filhos e vendeu
a empresa em 1997. Hoje tem uma fábrica de motos.
A industrialização, entretanto, determinara
outro processo correlato, o robustecimento da classe operária, cujo peso
político já não se podia ignorar no jogo da democracia política. Cedera aos
interesses estrangeiros, conservando a Instrução 113 como condição para
concretizar o Plano de Metas, Kubitschek também conciliara com o movimento de
massas em ascensão, que constituiu um dos suportes do seu governo. E esse
equilíbrio assegurou relativa estabilidade ao regime, pelo menos até 1960,
quando as tensões do desenvolvimento aguçaram as lutas sociais, greves,
invasões de terra,e as classes possuidoras, debatendo-se em profundas
contradições, caíram em um impasse que se manifestou com a eleição de Jânio
Quadros para a Presidência do Brasil. A Instrução 113 tanto prejudicou o
crescimento da indústria nacional de bens de produção, que possibilitaria ao
país substituir as importações em um setor vital para a reprodução capitalista,
quanto incentivou a transferência do controle acionário de empresas brasileiras
para as corporações internacionais; em outras palavras, animou o fenômeno
conhecido como desnacionalização. E
a industrialização prosseguiu sob o comando de capitais estrangeiros, cujos
países de origem se reservavam a produção de bens de capital, a tecnologia e o
nervo financeiro, como condição de sua preeminência, na redivisão internacional
do trabalho. Essa transação, que acomodou o desenvolvimento do Brasil às
conveniências do capitalismo internacional, valeu ao governo de Kubitschek a
relativa estabilidade de que gozou, no âmbito da democracia política. Os esforços para a industrialização do
Brasil quase sempre se chocaram com interesses de capitais estrangeiros, mais
precisamente com interesses da Inglaterra e dos EUA, que se empenhavam em
manter o mercado nacional como escoadouro de suas manufaturas. O conflito
recrudesceu depois da revolução de 1930, quando o governo de Getúlio Vargas,
diante das dificuldades do balanço de pagamentos e da crise geral do capitalismo,
passou a intervir diretamente na economia, tanto para regular as relações de
trabalho, quanto para romper o bloqueio imposto pelos cartéis internacionais a
setores básicos da produção.
As importações eram realizadas com
expedição de guias pela CEXIM- Carteira de Exportação de Importação-, que se
tornou um dos maiores antros de corrupção.Oswaldo Aranha, convidado por Vargas,
depois de ter ocupado vários ministérios, voltou ao da Fazenda em 1953 e
estabeleceu o Plano, para recuperar a economia. Criou a CACEX para facilitar a importação
de máquinas, ferramentas e equipamentos destinados a novos investimentos ou
mesmo à complementação de outros existentes, o que garantiria manutenção do
ritmo de industrialização e a importação de tecnologia mais avançada.