tag:blogger.com,1999:blog-1742671604789926067.post9174642966459526857..comments2024-03-24T17:16:28.691-07:00Comments on Carlos Fatorelli: "Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico”: Data VêniaCarlos Fatorellihttp://www.blogger.com/profile/17916217619501331271noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-1742671604789926067.post-7290821940087901702010-08-02T13:04:32.531-07:002010-08-02T13:04:32.531-07:00O ANJO DA AVENIDA DE PINEDO
Cheguei em São Paulo e...O ANJO DA AVENIDA DE PINEDO<br />Cheguei em São Paulo em 1972 vinda do interior da Capital.<br />Depois de uma longa viagem de Presidente Prudente para cá, despertei exatamente no momento em que passávamos em frente a uma grande estátua que ficava no final da Avenida de Pinedo, próxima à Represa Guarapiranga. Fiquei em estado de êxtase diante daquele anjo com grandes asas. A minha primeira Lembrança de São Paulo foi aquele anjo. Muleca, sempre que me metia em confusões, era para ele que eu corria, como se pudesse ser ouvida ou abrigada em suas asas.<br />O tempo passou, mudei de bairro e anos depois retornei ao Socorro.<br />Agora um bairro infestado de camelôs, boates de quinta categoria e calçadas tortuosas, "Com certeza as da Avenida de Pinedo são uma das piores de São Paulo". Procurei o anjo e ninguém sabia me informar do seu paradeiro, passei anos tentando encontrá-lo, como quem procura por um parente distante e desaparecido. Certa vez uma conhecida minha que mora nos Jardins me perguntou onde eu morava, e eu disse que morava no Socorro, ela me indagou: - onde é ísso? É na periferia? Por mais que eu tentasse explicar onde, para ela o Socorro é periferia. E para mim é simplesmente o bairro em que eu cresci e amo muito... Apesar de tudo... <br />Anos atrás esta mesma conhecida me perguntou em quem eu iria votar para prefeito, e ela mesma, antes que eu pudesse responder, me saiu com essa: - Há, porque eu pergunto?! É claro que você vai votar no PT, você mora na periferia, né? Vez ou outra ela sempre me lembrava que eu morava na periferia, até para terceiros que me indagavam onde eu morava, ela se adiantava e dizia com um ar de comiseração calculada: “ela mora na periferia".<br />O tempo passou e um dia saindo de uma exposição do Museu da Imagem e do Som, na Avenida Europa, eu estava prestes a atravessar a rua em frente à Igreja Nossa Senhora do Brasil, acompanhada de uns amigos, quando de repente eu o vi e comecei a gritar feito louca:<br />- O meu anjo! É o meu anjo. E sem ligar para os carros que passavam atravessei a Avenida de baixo de xingos e buzinas.<br />Era ele mesmo, e a placa aos seus pés não deixava dúvidas.<br />Era o Anjo da Avenida de Pinedo. Chorei abraçada a ele como uma criança que encontra seu tesouro perdido. Era como estar abraçada à minha infância. Dias depois, ao encontrar "aquela" conhecida, perguntei a ela se ainda fazia suas caminhadas matinais pelos Jardins, indaguei se ela já havia notado o anjo na pracinha em frente à igreja Nossa Senhora do Brasil. Ela começou a se desvelar em elogios a tal estátua, dizendo ser uma coisa linda, uma verdadeira obra de arte e etc... Ao que eu com uma ponta de orgulho, ainda que ferido, alfinetei: pois é, amiga! Aquele anjo que enfeita suas caminhadas pelas manhãs é importado lá da minha periferia.<br />Como assim? Não entendi! - disse ela fazendo cara de paisagem.<br />Amiga, - disse eu - quando passar por lá outra vez, leia a placa aos pés do anjo. Pois até os anjos não ignoram suas origens.<br /><br />PS: ESPEREI 23 ANOS. GRAÇAS A DEUS A JUSTIÇA FOI FEITA.<br />e-mail da autora:<br />alicestein22@yahoo.com.brAnonymousnoreply@blogger.com